No último dia de aulas do primeiro período, que terminou na terça-feira, cerca de 30 mil alunos continuavam sem professor, revelou a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), apontando a ineficácia das medidas do Ministério da Educação (MECI) para resolver o problema da escassez de docentes nas escolas
De acordo com uma estimativa da Fenprof, mais de 300 mil alunos estiveram sem aulas durante, no mínimo, três semanas desde o início do ano letivo. Para o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, a situação demonstra a falha dos planos lançados pelo Ministério da Educação para reduzir o número de alunos sem aulas. Nogueira afirmou que as iniciativas do MECI, como os programas “Mais Aulas Mais Sucesso” e “Aprender + Agora” (A+A), não só revelaram a falta de eficácia, como também a ausência de ambição para solucionar o problema.
A Fenprof criticou ainda a manipulação dos números por parte do Governo, apontando que as estimativas oficiais de alunos sem aulas são, na realidade, inferiores à situação real. Nogueira frisou que os números de alunos sem professor não são muito diferentes dos registados no ano anterior, revelando uma persistente crise no setor.
Além disso, o secretário-geral da Fenprof criticou o modelo de regresso de docentes aposentados, que, de acordo com o plano A+A, prevê a voluntariedade de professores reformados para atuar nas escolas. Nogueira questionou a viabilidade desta solução, lembrando que apenas 63 professores reformados voltaram ao ensino, sendo remunerados para isso, e levantando dúvidas sobre a adesão de mais docentes ao regime voluntário.
A Fenprof também sublinhou a enorme diferença entre a nova geração de professores, que entra no mercado de trabalho, e os mais experientes, que se aposentam. Só entre setembro e dezembro deste ano, 1.686 docentes se aposentaram, e em janeiro próximo, mais 374 professores irão deixar o ensino, o que agrava ainda mais a crise de falta de profissionais nas escolas.
