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Marcelo acusa Israel de represálias contra portugueses por reconhecimento do Estado Palestiniano

Flotilha para Gaza. Marcelo acusa Israel de represálias contra portugueses devido ao reconhecimento do Estado da Palestina

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou esta segunda-feira que o tratamento dado aos detidos que integravam a flotilha humanitária rumo a Gaza, entre os quais quatro cidadãos portugueses, refletiu a “irritação” das autoridades israelitas com o reconhecimento do Estado da Palestina por países como Portugal.

Durante declarações aos jornalistas na Universidade Lusófona, em Lisboa, Marcelo destacou que “foi mais fácil para os governos dos países que não reconheciam a Palestina terem os seus nacionais a sair primeiro, o caso de Itália”. Esta afirmação surge na sequência da operação de interceção da flotilha Global Sumud pelas forças israelitas, na qual seguiam mais de 130 ativistas, incluindo a coordenadora nacional do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua.

Segundo o chefe de Estado, o ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, teve “uma reação muito a quente” perante os cidadãos de países que reconheceram o Estado Palestiniano. Acrescentou ainda que a situação dos detidos agravou-se por “não haver uma estrutura preparada para acolher tanta gente”, o que terá contribuído para as dificuldades vividas pelos tripulantes após a detenção.

Marcelo referiu que os portugueses estiveram “bastante tempo” sem acesso a água e alimentos, denunciando a precariedade das condições em que foram mantidos. Sublinhou que “houve uma mistura de factores: a surpresa com o número de detidos, a falta de condições de acolhimento e a irritação diplomática por causa do reconhecimento da Palestina e do novo impulso ao processo de paz”.

O Presidente garantiu que acompanhou “toda a viagem” da flotilha, e em particular a fase final após a interceção pelas autoridades israelitas. “O senhor ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros telefonava várias vezes ao dia. Eu ia acompanhando aquilo que a embaixada e o consulado iam fazendo”, assegurou.

Confrontado com as críticas do Bloco de Esquerda, que acusou o Governo de falta de comunicação direta durante o processo, Marcelo recusou comentar posições partidárias. No entanto, defendeu a atuação das estruturas diplomáticas portuguesas, afirmando que “perante situações complicadas, não só estavam preocupados, como manifestavam aquilo que pensavam sobre o que não estava a correr bem”.

Os quatro portugueses, entre os quais Mariana Mortágua, foram libertados no domingo e regressaram a Portugal após vários dias sob custódia israelita. A missão da flotilha visava entregar ajuda humanitária à população de Gaza, bloqueada por Israel desde 2007.

A operação de interceção e as detenções geraram forte contestação internacional, com várias organizações a denunciarem possíveis abusos de direitos humanos e a politização do tratamento aos detidos com base nas posições diplomáticas dos seus países.

Portugal reconheceu oficialmente o Estado da Palestina em Maio de 2025, numa decisão conjunta com Espanha, Irlanda, Eslovénia e outros países europeus. A medida provocou tensão com o Governo israelita, que condenou a decisão e chamou os seus embaixadores de volta.

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