Na tradicional mensagem de Ano Novo, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fez um apelo contundente pela continuidade da solidariedade institucional e da cooperação estratégica entre os diferentes órgãos de soberania. A partir do Palácio de Belém, na noite de quarta-feira, Marcelo sublinhou que o ano de 2024 “definiu caminhos que vão determinar muito do que será o ano que hoje começou”
Marcelo reforçou a importância de manter a estabilidade política e económica, alertando para a necessidade de um bom senso que permita avanços em diferentes áreas. “Precisamos que o bom senso que nos levou a fortalecer a solidariedade institucional e até a cooperação estratégica entre órgãos de soberania, nomeadamente Presidente da República e primeiro-ministro, prossiga, e que nos levou também a aprovar os orçamentos de 2024 e 2025, continue a garantir estabilidade, previsibilidade e respeito cá dentro e lá fora”, afirmou.
Renovação da democracia e combate à pobreza
O Presidente alertou para a urgência de renovar a democracia, preservando-a contra sinais de envelhecimento. Entre os temas destacados estavam a juventude, o papel da mulher, o combate à corrupção e a promoção de um diálogo mais tolerante. Marcelo defendeu também a necessidade de rejeitar qualquer forma de violência, seja pessoal, doméstica ou social.
Um dos temas centrais foi o combate à pobreza estrutural em Portugal. Marcelo lamentou que a democracia ainda não tenha conseguido resolver este problema de fundo que afeta cerca de dois milhões de portugueses. Apelou por soluções que promovam uma economia mais inclusiva e capaz de melhorar os rendimentos da população, corrigindo desigualdades.
O futuro após 50 anos de democracia
Com 2024 marcando o 50.º aniversário da Revolução de Abril e o centenário do nascimento de Mário Soares, o Presidente enfatizou que os portugueses não querem perder liberdade ou democracia. Marcelo sublinhou que o fechamento deste ciclo de meio século deve ser visto como uma oportunidade para olhar para o futuro, investindo em igualdade social e territorial, educação, saúde, habitação e inovação.
“Precisamos de mais igualdade social e territorial, precisamos de ainda mais educação, de melhor saúde, de melhor habitação. Para isso, precisamos de qualificar mais os recursos humanos, inovar mais, competir com mais produtividade e continuar a antecipar e bem no domínio da energia limpa, do digital e da tecnologia de ponta”, frisou.
Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)
Marcelo insistiu na necessidade de utilização eficaz dos fundos do PRR, lembrando que ainda existem 16 mil milhões de euros a serem aplicados nos próximos dois anos. Apelou por maior agilidade na gestão desses recursos, destacando que é essencial que Portugal esteja preparado para as mudanças aceleradas na Europa e no mundo.
Eleições autárquicas e confiança no povo
Na penúltima mensagem de Ano Novo como Presidente da República, Marcelo apontou para as eleições autárquicas de 2025 como um momento em que “o povo será o juiz supremo da resposta perante tantos desafios”. Demonstrando confiança, encerrou a mensagem reiterando sua fé no povo português e na capacidade do país de superar desafios. “Eu acredito na vontade experimentada e determinada do povo português. Eu acredito nos portugueses. Eu acredito, como sempre, em Portugal”, concluiu.
