A coordenadora bloquista anuncia saída do cargo por acreditar que o partido beneficiará de novas pessoas na liderança e no Parlamento
Mariana Mortágua anunciou, este sábado, que não se vai recandidatar à liderança do Bloco de Esquerda (BE). A decisão foi comunicada através de uma mensagem dirigida aos militantes, na qual a coordenadora explicou as razões da sua saída.
Na missiva, citada pelo jornal Observador, Mortágua escreveu: “Comunico-vos que decidi não me candidatar a um novo mandato de coordenadora do Bloco de Esquerda”. A líder sublinhou que a decisão foi tomada com tranquilidade, contando sempre com o apoio dos seus camaradas ao longo do tempo em que liderou o partido.
A política afirmou que o Bloco beneficiará de ter, na coordenação e no Parlamento, pessoas com melhores condições para dar voz ao partido, do que aquelas que ela própria dispõe atualmente.
Mariana Mortágua recordou que o objetivo inicial do seu mandato passava por encontrar novos caminhos políticos, depois do colapso da maioria absoluta do PS e do reforço da direita e da extrema-direita. No entanto, segundo a coordenadora, esse objetivo não foi plenamente atingido.
A bloquista apontou que a renovação realizada no partido não se revelou suficiente para relançar a intervenção social do Bloco. Acrescentou que as sucessivas campanhas eleitorais prejudicaram a reflexão interna e dificultaram a transformação efetiva do funcionamento do partido. “A direção por mim encabeçada foi incapaz de inverter a excessiva centralização da estrutura do Bloco e gerar um novo impulso político e eleitoral. Bem sabemos das empenhadas campanhas de ódio dos nossos adversários, mas o certo é que não conseguimos neutralizá-las”, escreveu na carta.
A XIV Convenção do Bloco de Esquerda está marcada para os dias 29 e 30 de novembro, ocasião em que deverá ser escolhida a nova liderança.
Relativamente aos resultados das autárquicas, Mariana Mortágua reconheceu que, embora ainda faltem apurar todos os números, os resultados obtidos pelo Bloco foram modestos. Ainda assim, a coordenadora considerou positivo o balanço da integração do partido em coligações à esquerda.
Na noite eleitoral de 12 de outubro, questionada sobre a eficácia da estratégia do Bloco, Mortágua reafirmou que a estratégia seguida pelo partido permanece correta e fornece um rumo para o futuro, mesmo num contexto de viragem à direita que exige diálogo à esquerda.
A decisão da líder marca o fim de uma etapa na história do partido e abre caminho a uma renovação que, nas palavras da própria, é essencial para fortalecer a presença do Bloco de Esquerda na política nacional.








