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Mário Centeno sai, Álvaro Santos Pereira é o novo governador do Banco de Portugal

Mário Centeno vai deixar de ser governador do Banco de Portugal. O Governo decidiu que o novo líder do banco central nacional é Álvaro Santos Pereira, actual economista-chefe da OCDE. O antigo ministro da Economia de Passos Coelho liderou reformas, foi interlocutor com a troika e defendeu a exportação do pastel de nata. Já Gabriel Bernardino é o novo presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF).

Mário Centeno sai, Álvaro Santos Pereira é o novo governador do Banco de Portugal
Foto: Executive Digest – Gabriel Bernardino

O primeiro-ministro Luís Montenegro escolheu não reconduzir Mário Centeno no Banco de Portugal, uma decisão que era assumida há mais de um ano dentro do Governo, mas que só nos últimos dias terá sido transmitida ao ainda governador – depois de uma sucessão de notícias sobre a escolha do local para a nova sede do banco central.

Apesar de ainda no dia 21 de julho (segunda-feira, Luís Montenegro ter dito que Mário Centeno reunia todas as condições e que a decisão do Governo poderia ser mante-lo à frente do banco central ou substituí-lo, o Primeiro-ministro decidiu nomear Álvaro Santos Pereira (antigo ministro de Passos Coelho) para novo Governador do Banco de Portugal.

Depois de semanas de especulação e agitação nos bastidores, finalmente houve fumo branco. Álvaro Santos Pereira é o novo Governador do Banco de Portugal, anunciou o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, na conferência de imprensa do Conselho de Ministros, esta quinta-feira, dia 24.

Leitão Amaro destacou a “carreira académica internacional” e o “profundo conhecimento da economia portuguesa e internacional” de Álvaro Santos Pereira. “É uma voz reputada internacionalmente que triunfou por mérito próprio como especialista independente na sua área”, destacou.

O economista-chefe da OCDE e ex-ministro da Economia do Governo de Pedro Passos Coelho já era tido como um dos principais nomes à sucessão de Mário Centeno. Contudo, só deverá entrar em funções em setembro, após audição no Parlamento. O parecer do Parlamento não é vinculativo, mas é obrigatório, o que poderá atrasar o processo, dado que os trabalhos parlamentares ficam parados no período de férias.

Apesar de Mário Centeno ter demonstrado disponibilidade para se manter no cargo, era esperado que o Governo não o reconduzisse. Durante o seu mandato, houve vários momentos de tensão entre o executivo de Luís Montenegro e o ex-ministro das Finanças de António Costa. O mais recente teve como alvo o local da nova sede do Banco de Portugal, sobre a qual o Governo pediu uma auditoria à Inspeção Geral de Finanças (IGF).

“Álvaro Santos Pereira é melhor para o cargo de governador do que Mário Centeno”, justificou o ministro da presidência, Leitão Amaro. “É independente, não vem de nenhum governo”, argumentou o atual ministro sobre o ex-ministro do PSD agora nomeado para governador.

Confrontado sobre se Mário Centeno não foi reconduzido pelo seu passado como ministro de António Costa – os governadores costumam ser reconduzidos e quebra-se assim uma tradição -, Leitão Amaro insistiu: “Álvaro Santos Pereira é melhor escolha e a melhor escolha”. “É um profundo conhecedor da economia portuguesa e internacional e do sistema financeiro.”

Quem é Álvaro Santos Pereira

Álvaro Santos Pereira foi ridicularizado quando deu a ideia de internacionalizar umas das mais apreciadas iguarias da doçaria portuguesa alegando que o país estava a falhar no capítulo das exportações de produtos nacionais. Corria o ano de 2012 e, em plena crise económica, o então ministro da Economia e do Emprego de Pedro Passos Coelho lançou o repto. “Por que não existe um franchising de pastéis de nata?”, questionou durante a abertura da Conferência DN Made In Portugal.

O pedido que fez durante uma das intervenções públicas enquanto membro do Executivo de Passos também deixou marcas: “Tratem-me por Álvaro”, instou o responsável. Recém-chegado do Canadá, Santos Pereira era pouco adepto dos títulos de ‘doutores e engenheiros’ habituais por terras lusas.

Álvaro Santos Pereira assumiu um dos ministérios mais pesados do governo de coligação PSD/CDS, entre 2011 e 2013, e foi um dos principais rostos nas negociações trimestrais com  a troika, numa altura em que o desemprego batia recordes e os portugueses faziam as malas para emigrar. A receita para combater a recessão económica, fincou, deveria ser sustentada por via do aumento das exportações e pela captação de investimento.

Liderou uma série de reformas estruturais, como a da legislação laboral, e assinou, em sede de concertação social,  um acordo com a  UGT com vista à paz social num país conturbado onde se somavam protestos.

“Portugal implementou, nos últimos dois anos [2012/2013], o programa de reformas mais ambicioso na Europa desde a era Thatcher”, afirmou.

Álvaro Santos Pereira e Vítor Gaspar, então ministro das Finanças, os ministros mais mediáticos da legislatura que teve de lidar com a ‘troika’.

Defensor da reindustrialização de Portugal, foi ainda responsável por deixar cair o projeto do TGV, obra que considerou ser “um erro financeiro”. Introduziu uma nova Lei da Concorrência para reforçar “o poder da Autoridade da Concorrência [AdC], dotando-a de instrumentos capazes de assegurar um combate rápido aos principais entraves ao investimento e à confiança, como sejam os cartéis ou os abusos de posição dominante”, explicou.

Orgulhou-se de ter “cortado nas rendas da energia e nas Parceria Público Privadas” e de ter conseguido “pela primeira vez na história da democracia, um resultado operacional positivo para as empresas de transportes”.

Conduziu ainda o negócio da privatização da ANA com a Vinci, ao lado de Passos Coelho, Vítor Gaspar e Sérgio Monteiro. “É muitíssimo bom para o país e para a empresa e mostra muito claramente que é um país que tem a confiança dos investidores internacionais”, sublinhou na cerimónia que assinalou o aperto de mãos entre o Governo e a francesa.

Em 2013 acabou por ser deixado de fora na remodelação do governo, tendo sido substituído pelo centrista António Pires de Lima. Depois de ver as costas de Passos voltadas, escreveu o livro ‘Reformar Sem Medo Um Independente no Governo de Portugal’ para relatar, na primeira pessoa, a sua passagem pelo Executivo.

Nascido em Viseu, em 1972, licenciou-se em Economia pela Universidade de Coimbra e doutorou-se em Economia pela Universidade Simon Fraser, em Vancouver, no Canadá, onde deu aulas de de Desenvolvimento Económico e Política Económica. A carreira de docente estendeu-se ainda à  Universidade da Colúmbia Britânica, no mesmo país, e, mais tarde, lecionou Economia Europeia e Desenvolvimento Económico na Universidade de Iorque, no Reino Unido.

Assumiu a pasta de economista-chefe da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) no início do ano passado, sendo responsável por liderar a análise económica e prestar aconselhamento político aos países membros.

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