A Isomorphic Labs, empresa derivada da DeepMind sediada em Londres, começa ensaios clínicos de medicamentos concebidos por inteligência artificial em humanos no Verão de 2025, assinalando o primeiro avanço desta natureza na indústria farmacêutica.
Uma viragem na investigação farmacêutica
A Isomorphic Labs prepara-se para lançar os primeiros ensaios clínicos humanos com medicamentos desenvolvidos inteiramente por inteligência artificial, meta confirmada pelo presidente Colin Murdoch.
O processo de concepção, conduzido pelo modelo AlphaFold 3 e outros sistemas proprietários, permitiu criar compostos em meses, em vez de anos, focando-se em proteínas historicamente difíceis de alcançar com terapêutica tradicional.
Apoios financeiros e parcerias estratégicas
Em abril de 2025, a empresa angariou 600 milhões de dólares numa ronda de financiamento liderada pela Thrive Capital, com participação da GV e da Alphabet. O reforço financeiro visa acelerar o desenvolvimento da “máquina de conceção de fármacos” com apoio de IA.
A Isomorphic mantém colaborações com farmacêuticas como a Novartis e a Eli Lilly, reforçando a confiança na sua abordagem disruptiva.
Reflexo da estratégia global
Desde Janeiro de 2025, o CEO Sir Demis Hassabis afirmava que a empresa planeava ter medicamentos concebidos por IA em ensaios clínicos ainda nesse ano, com especial enfoque em oncologia, doenças cardiovasculares e neurodegenerativas.
A nova fase, prestes a arrancar, inaugura um momento inédito: o teste clínico humano com moléculas originadas digitalmente.
Relevância no contexto mundial
Este avanço integra-se num movimento mais amplo: várias empresas pioneiras já colocaram fármacos concebidos por IA em fases de ensaio clínico. A Insilico Medicine, por exemplo, desenvolveu o Rentosertib, aprovado em fase 2ª, enquanto a Exscientia e a Recursion investigam outros compostos.
O panorama evidencia uma transformação progressiva, mas ainda experimental, no desenvolvimento de novos medicamentos.
Perspectivas e cautelas
A possibilidade de um fármaco autenticado por IA chegar ao mercado depende dos resultados dos ensaios clínicos. A taxa histórica de aprovação mantém-se reduzida — menos de um em cada dez medicamentos que entram em fases clínicas alcança a comercialização.
Apesar da inovação, persistem desafios habituais: demonstrar eficácia, garantir segurança, obter aprovação regulatória e assegurar viabilidade comercial.
A Isomorphic Labs inicia em 2025 uma etapa inédita ao avançar para ensaios clínicos humanos com medicamentos concebidos por IA. Este esforço pode transformar o modelo tradicional de descoberta de fármacos, encurtando prazos e reduzindo custos, mas o futuro dependerá dos resultados clínicos.
A indústria, reguladores e sociedade observam de perto um momento que poderá redefinir a medicina.