A Federação Nacional dos Médicos (Fnam) convocou esta quinta-feira uma greve nacional para o dia 24 de outubro, em protesto contra a recusa da ministra da Saúde em negociar de forma efetiva a carreira médica. A paralisação abrangerá todo o território nacional, incluindo as regiões autónomas, e coincide com a greve da Administração Pública, aumentando a pressão sobre o Governo

Em declarações à agência Lusa, Joana Bordalo e Sá, presidente da Fnam, afirmou que a convocatória resulta não só da ausência de diálogo sério por parte da tutela, como também de decisões governamentais que, segundo a estrutura sindical, colocam em risco a saúde da população.
“Uma vez que está a haver uma recusa da ministra da Saúde em negociar verdadeiramente a carreira médica e, acima de tudo, por ter apresentado decisões que põem em risco a população, nós estamos a anunciar a greve de médicos para o dia 24 de outubro em todo o país e nas ilhas”, declarou a dirigente.
A decisão foi anunciada após uma reunião entre a Fnam e a ministra Ana Paula Martins, realizada esta quinta-feira. Os representantes sindicais alertaram para a degradação das condições de trabalho no Serviço Nacional de Saúde (SNS), bem como para a crescente sobrecarga a que os profissionais médicos estão sujeitos.
Entre as reivindicações centrais da Fnam estão a valorização da carreira médica, a reposição de condições salariais justas e a implementação de medidas urgentes para garantir a segurança e a qualidade da prestação de cuidados no SNS.
Joana Bordalo e Sá sublinhou ainda que a federação tem tentado, sem sucesso, estabelecer uma negociação construtiva com o Ministério da Saúde. “A ministra mostra-se indisponível para discutir os pontos essenciais da carreira médica. A ausência de propostas concretas e a falta de vontade política obrigam-nos a recorrer à greve como último recurso”, frisou.
O protesto do dia 24 de outubro poderá causar fortes constrangimentos no funcionamento de hospitais e centros de saúde, numa altura em que vários serviços do SNS enfrentam dificuldades acrescidas devido à escassez de profissionais e ao aumento da procura.
A Fnam apelou à compreensão da população, reiterando que o objetivo da greve é defender a qualidade dos cuidados de saúde e proteger o futuro do SNS. “Os médicos não estão a abandonar os doentes; estão a lutar por condições que garantam um serviço público de saúde digno e sustentável”, concluiu a presidente da federação.
A paralisação surge num contexto de crescente tensão entre os profissionais de saúde e o Governo, com várias associações e sindicatos a alertarem para uma situação crítica no sistema público de saúde português.