Domingo,Outubro 19, 2025
19.9 C
Castelo Branco

- Publicidade -

Meteorologista alerta: Terra pode se tornar inabitável até 2100 se aquecimento global não for contido

Carlos Nobre reforça que aumento acima de 2 °C pode causar efeitos irreversíveis e colapso de ecossistemas vitais

O renomado meteorologista e pesquisador Carlos Nobre, de 74 anos, voltou a emitir um alerta sobre o ritmo acelerado do aquecimento global e seus possíveis efeitos devastadores nas próximas décadas. Em entrevista ao programa Roda Viva, exibido na segunda-feira (13), Nobre afirmou que, caso a temperatura média do planeta ultrapasse 2 °C até 2050, o mundo enfrentará impactos irreversíveis, como o colapso de ecossistemas fundamentais e a liberação em massa de gases do efeito estufa.

“A ciência mostra com clareza que, se a gente não rapidamente reduzir as emissões e deixar em 1,5 °C, chegamos em 2050 passando de 2 °C”, disse Nobre. “Alguns estudos apontam que pode chegar até 2,5 °C e a gente perde, até 2100, 70% da Amazônia.”

A projeção ultrapassa o limite estipulado pelo Acordo de Paris, que estabelece o objetivo de manter o aquecimento global abaixo de 1,5 °C em relação aos níveis pré-industriais. Segundo o pesquisador, romper esse limite significa cruzar um ponto de não retorno climático, com consequências que se estenderiam por séculos.

Degelo e liberação de metano: o ciclo do aquecimento

Entre os fatores mais preocupantes, Nobre destacou o degelo acelerado do permafrost — solo permanentemente congelado em regiões como Sibéria, norte do Canadá e Alasca. À medida que a temperatura global aumenta, esse solo começa a descongelar, liberando metano, gás que tem 30 vezes mais potencial de aquecimento que o dióxido de carbono (CO₂).

“Os estudos mostram que, se a temperatura chegar a dois graus até 2100, vamos liberar mais de 200 bilhões de toneladas de gases do solo congelado”, alertou o cientista.

Esse fenómeno gera um efeito em cascata: quanto mais o planeta aquece, mais o permafrost descongela e mais gases são liberados, acelerando ainda mais o aquecimento global.

Amazônia sob ameaça e o colapso dos oceanos

Nobre também advertiu que a Amazônia pode perder até 70% de sua cobertura florestal até o fim do século, transformando-se em uma savana degradada. A floresta tropical, considerada o maior sumidouro de carbono terrestre, desempenha um papel essencial na regulação climática do planeta. Seu colapso provocaria a liberação de grandes quantidades de CO₂, agravando o desequilíbrio climático.

Além das florestas, os ecossistemas marinhos estão igualmente sob ameaça. O aumento da temperatura dos oceanos e a acidificação das águas comprometem espécies sensíveis, como os recifes de corais, essenciais para a biodiversidade e para comunidades que dependem da pesca e do turismo.

“Isso também causará a extinção dos recifes de corais. E já há espécies sendo extintas em todo o mundo”, afirmou o meteorologista em entrevista à CNN.

Um futuro inabitável

Caso as emissões continuem a crescer no ritmo atual, o planeta pode aquecer entre 3 °C e 4 °C até 2100. Nesse cenário, regiões equatoriais ao nível do mar atingiriam temperaturas que o corpo humano não suportaria durante todo o ano.

“É totalmente possível, se não reduzirmos rapidamente as emissões, chegarmos a 3 °C ou 4 °C em 2100. O planeta vai ficar inabitável para nós humanos”, alertou Nobre.

O apelo do cientista reforça o consenso entre a comunidade científica: as próximas décadas serão decisivas. Manter o aquecimento abaixo de 1,5 °C exige reduções imediatas nas emissões, transição para energias renováveis e preservação de biomas-chave, como a Amazônia.

“Ainda há tempo de agir, mas o relógio climático está correndo mais rápido do que nunca”, concluiu Nobre.

- Publicidade -

Não perca esta e outras novidades! Subscreva a nossa newsletter e receba as notícias mais importantes da semana, nacionais e internacionais, diretamente no seu email. Fique sempre informado!

Partilhe nas redes sociais:

Destaques

- Publicidade -

Artigos do autor