O Ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, afirmou esta terça-feira que o Governo português não prevê uma revisão em baixa das previsões de crescimento económico para este ano, estimando que a economia do país possa crescer mais de 2% em 2025. Durante uma intervenção em Bruxelas, no final de uma reunião com os ministros das Finanças da União Europeia, o governante sublinhou que, apesar da elevada incerteza geopolítica, o cenário atual não justifica um ajuste negativo na estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Miranda Sarmento destacou que, mesmo num contexto de elevada incerteza, com tensões globais e o impacto da guerra na Ucrânia, o Governo permanece “moderadamente otimista” em relação ao desempenho económico de Portugal. A avaliação é sustentada pela evolução do investimento e do consumo privado, principais motores do crescimento económico do país. “Neste momento, não vemos razão para rever em baixa, pelo contrário, acreditamos que, com o que sabemos, a economia portuguesa vai crescer acima dos 2% este ano”, afirmou o ministro.
A declaração surge num contexto de incertezas globais, com o impacto das políticas comerciais norte-americanas e os desafios da União Europeia em relação ao financiamento da defesa e segurança. As grandes economias da Zona Euro, como Alemanha e França, têm enfrentado um crescimento económico mais modesto, o que influencia diretamente a média de crescimento da região. Contudo, o ministro português enfatizou que o desempenho de Portugal é positivo, refletindo-se numa projeção de crescimento de 2,1% para 2025.
Miranda Sarmento também mencionou que o quarto trimestre de 2024 foi particularmente favorável para o PIB nacional, com um efeito de “carry-over” (arrastamento) estimado em 1,3% para 2025. Este fenómeno implica que, mesmo na eventualidade de uma estagnação da economia portuguesa ao longo de 2025, o crescimento continuaria a ser positivo, refletindo o bom desempenho do final do ano anterior.
Enquanto isso, a União Europeia mantém um cenário de prudência, com o comissário europeu da Economia, Valdis Dombrovskis, a alertar para os “tempos geopolíticos turbulentos” que têm afetado o crescimento da Zona Euro. A instabilidade na Ucrânia e as dificuldades nas relações comerciais com os Estados Unidos são fatores de grande incerteza que podem condicionar as perspectivas de crescimento económico na região. Dombrovskis também sublinhou que a Zona Euro terá de se preparar para um ambiente internacional mais imprevisível, assumindo uma maior responsabilidade pela segurança e competitividade económica.
Na mesma linha, a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, expressou preocupações sobre o impacto das tensões comerciais no comércio global, especialmente em relação à inflação e à estabilidade económica na Zona Euro, quando se espera que a inflação regresse à meta dos 2% em 2025.
Em suma, enquanto as incertezas geopolíticas e comerciais prevalecem, o Governo português mantém-se confiante de que a economia nacional conseguirá superar a barreira dos 2% de crescimento, sustentada por fatores internos como o investimento e o consumo privado, e pelo desempenho positivo registado no final de 2024.