António Neves Coelho, figura de destaque da gastronomia portuguesa em Macau, morreu no domingo, aos 77 anos. O chef, que se estabeleceu no território no final da década de 1990, era reconhecido tanto em Macau como em Portugal pelo contributo para a promoção da cozinha portuguesa no Oriente
Em nota publicada nas redes sociais, a família destacou que António Neves Coelho “dedicou a sua vida a espalhar a grandeza da cozinha portuguesa em Macau”. Recordado como “um grande homem e um grande mentor”, o chef foi descrito como alguém que “espalhou sabedoria, coragem, alegria e felicidade através da sua paixão ao longo da vida”.
António Neves Coelho visitou Macau pela primeira vez em 1970, enquanto cumpria serviço militar. De regresso a Portugal, trabalhou como inspetor de saúde antes de ser convidado para gerir um restaurante no bairro de Alfama, em Lisboa. Em 1997, decidiu voltar a Macau para ajudar na gestão do restaurante Lusitânia. Mais tarde, passou pelo Clube Militar e chegou a Hong Kong, onde abriu um restaurante português.
Em 2003, regressou a Macau para fundar o Espaço Lisboa, na Vila de Coloane, e, posteriormente, o António’s, na Vila da Taipa — ambos marcos da cozinha portuguesa no território. Nos últimos anos, juntou-se ao Angela’s Café and Lounge, do Hotel Lisboeta.
Distinguido com a medalha de mérito turístico da RAEM (2013) e a medalha de mérito das comunidades portuguesas atribuída pelo Governo Português (2015), António Neves Coelho via os seus restaurantes frequentemente mencionados no Guia Michelin.
Defensor da autenticidade da gastronomia portuguesa, o chef afirmava ser “um homem tradicional no que diz respeito à comida portuguesa”, conforme declarou à revista Macau Closer, em 2017. “Cozinhar apenas por dinheiro e lucro nunca trará sucesso”, dizia.
Amigos e colegas recordaram-no como mentor e embaixador da cozinha portuguesa. Santos Pinto, do restaurante O Santos, lamentou “a perda de um amigo de longa data”, sublinhando o papel de António na divulgação da gastronomia portuguesa em Macau. Ana Maria Manhão Sou, do Belos Tempos, destacou-o como “um bom professor” e “embaixador da culinária portuguesa”, acrescentando que “a sua morte é uma grande perda para o território”.
O velório de António Neves Coelho realiza-se no dia 18 de outubro, entre as 16h e as 21h, com missa às 20h, na Casa Mortuária Diocesana, na Avenida do Almirante Lacerda. No dia seguinte, haverá nova missa em sua memória, às 9h30, na capela principal da mesma instituição.