Marcelo Rebelo de Sousa recorda Rui Mingas como personalidade da “mitologia moderna de Angola”. Coautor do hino nacional de Angola, ministro dos Desportos, antigo embaixador em Portugal e atleta, morreu esta quarta-feira, em Lisboa, vítima de doença prolongada. Rui Mingas era também pai da modelo Nayma
Rui Mingas, coautor do hino nacional de Angola, ex-ministro dos Desportos e antigo embaixador em Portugal, morreu esta quarta-feira em Lisboa vítima de doença prolongada, disse à Lusa fonte diplomática.
Rui Alberto Vieira Dias Rodrigues Mingas, que nasceu em 12 de maio de 1939, distinguiu-se, na juventude, no atletismo, designadamente nas especialidades de salto em altura e 11 metros barreiras.
Militante ativo do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, partido no poder desde a independência do país, em 1975), Rui Mingas desempenhou os cargos de deputado e foi ministro dos Desportos.
Como músico, compôs poemas dos poetas angolanos Viriato da Cruz, Agostinho Neto — primeiro Presidente de Angola -, Mário António e António Jacinto.
Da sua obra discográfica destacam-se “Cantiga por Luciana”, “Poema da farra”, “Makezu”, “Muadiakimi”, “Birin birin”, “Monagambé”, “Adeus à hora da partida” e “Meninos do Huambo”.
Marcelo recorda passado de politico, cantor e atleta
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já lamentou a morte de Rui Mingas, que recordou como uma personalidade “da mitologia moderna de Angola”.
“Mesmo que não tivesse sido um dos autores do hino nacional de Angola, Rui Mingas faria parte da mitologia moderna de Angola nos últimos anos do império e nas primeiras décadas da independência”, considera Marcelo Rebelo de Sousa, numa nota de pesar publicada no site oficial da Presidência da República Portuguesa na Internet.
O chefe de Estado português acrescenta que Rui Mingas “parece ter estado em todos os lugares onde Angola se afirmou como jovem nação”, referindo que foi “atleta do Benfica nas décadas de 1950 e 60 “e depois, sucessivamente, “militante político, cantor e compositor, embaixador de Angola em Portugal, ministro, deputado e empresário”.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, Rui Mingas participou na afirmação de Angola como nação “em confronto com o regime português até 1974, mas não em choque com Portugal, pois também os portugueses reconheceram nele um símbolo da nossa relação com os angolanos, que abarca as vicissitudes passadas, as memórias e afetos em comum, um futuro de parceria e respeito mútuo”.
No fim desta mensagem, o Presidente da República apresenta “as suas sentidas condolências” à família e amigos de Rui Mingas.
Condecorado em Portugal
Coautor com Manuel Rui Monteiro de “Angola Avante”, o hino de Angola, Rui Mingas foi embaixador do seu país em Portugal na década de 1990, tendo sido condecorado, em 26 de julho de 1995, com a Ordem do Infante D. Henrique, que distingue quem tenha prestado serviços relevantes a Portugal, assim como serviços na expansão da cultura portuguesa ou para conhecimento de Portugal, da sua História e dos seus valores.
“Em 1979, Rui Mingas assumiu a condução durante dez anos, com a categoria de ministro, da Secretaria de Estado para a Educação Física e Desportos (SEEFD), sendo o grande responsável pelo período pujante do desenvolvimento do desporto em Angola”, destaca a diplomata Maria de Jesus Ferreira.
“Foi, ainda poeta, cantor e compositor, conquistando em 2014 um prémio atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores. Em Portugal, foi também distinguido com o prémio Personalidade Lusófona, entregue pelo Movimento Internacional Lusófono, em 2016”, acrescenta.
MNE português lamenta
O Ministério dos Negócios Estrangeiros português lamentou a morte de Rui Mingas em nota de imprensa publicada hoje no Portal Diplomático.
“O empenho nas várias funções de alto nível que exerceu, a obra cultural e o desempenho desportivo de Rui Mingas contribuíram para o reforço dos laços de amizade entre Portugal e Angola, bem como a projeção da língua, da cultura e da Lusofonia”, salienta-se na nota.
Depois de recordar que Rui Mingas foi embaixador de Angola em Portugal na década de 1990, o Ministério dos Negócios Estrangeiros frisa que Rui Mingas foi “distinguido, em 1995, com a Ordem do Infante D. Henrique, pelos serviços relevantes prestados a Portugal, assim como na expansão da cultura portuguesa ou para conhecimento de Portugal, da sua História e dos seus valores”.
A nota conclui com a transmissão de “sentidas condolências neste momento de particular pesar” à família e amigos de Rui Mingas.