O Ministério Público abriu um inquérito para investigar a morte de uma mulher grávida de 37 anos no Hospital Fernando da Fonseca, conhecido como Hospital Amadora-Sintra, durante a madrugada desta sexta-feira
A vítima, natural da Guiné-Bissau, encontrava-se grávida de 38 semanas e tinha indicação médica para antecipar o parto devido a um quadro de hipertensão. Segundo a RTP Notícias e a CNN Portugal, a mulher deslocou-se ao hospital na quarta-feira, onde foi observada e, após exames, acabou por ser mandada para casa com uma consulta marcada.
Horas depois, a situação agravou-se. A grávida voltou a entrar na urgência do Amadora-Sintra em paragem cardiorrespiratória, cerca das 1h50 da madrugada, transportada por uma equipa do INEM. Apesar das manobras de reanimação, o óbito foi declarado cerca das 2h00.
Durante a emergência, foi realizada uma cesariana imediata, tendo o bebé nascido às 1h56. O recém-nascido sobreviveu, mas encontra-se em estado grave e sob vigilância médica intensiva, com prognóstico reservado.
Inquérito interno e protocolos em causa
Em comunicado, a Unidade Local de Saúde (ULS) Amadora-Sintra informou que foi aberto um inquérito interno para apurar as circunstâncias da morte, garantindo que “todos os protocolos clínicos foram seguidos”.
A instituição esclarece que, na consulta de quarta-feira, a grávida se encontrava “assintomática”, apresentando apenas hipertensão ligeira. Após exames complementares, foi-lhe dada alta médica, com indicação para internamento às 39 semanas de gestação.
O corpo da mulher permanece no hospital, enquanto decorrem as diligências legais e clínicas associadas ao caso.
Contexto político e crise no SNS
A morte ocorre num momento de forte pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS). A abertura deste inquérito coincide com as críticas do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, à atual gestão da saúde, que considerou “casuística” e marcada por “soluções para o curtíssimo prazo”.
O caso surge também após o líder do Partido Socialista, José Luís Carneiro, ter pedido a demissão da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, na sequência de novos pedidos de cortes orçamentais aos hospitais.
Apesar das críticas, Marcelo Rebelo de Sousa manifestou apoio à continuidade da ministra, partilhando a posição do primeiro-ministro, Luís Montenegro.
Pressão crescente nas maternidades
O ano ainda nem terminou e já foi registado um recorde histórico de partos realizados em ambulâncias, ultrapassando as 60 ocorrências, um reflexo da pressão sobre os serviços de obstetrícia.
Este novo caso reaviva a memória de outros episódios trágicos que marcaram o debate sobre a saúde materna em Portugal, incluindo a morte de uma grávida transferida do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, durante o mandato da então ministra Marta Temido.








