A nova rede de autocarros Mobiave foi oficialmente lançada nesta terça-feira em Vila Nova de Famalicão, Santo Tirso e Trofa, após três dias de operação gratuita, marcando o início de um novo modelo de transportes públicos na região. Este sistema, que envolve um investimento de 76,3 milhões de euros e terá uma duração de sete anos, promete um reforço significativo da oferta de transportes na Área Metropolitana do Porto e na Comunidade Intermunicipal (CIM) do Ave.
A Mobiave vai operar com 90 linhas, distribuídas por cerca de 110 autocarros, conduzidos por 180 motoristas. O sistema vai contar com aproximadamente 2.700 paragens, cobrindo um vasto território e permitindo uma maior acessibilidade aos habitantes dessas localidades. A empresa Transdev Portugal, responsável pela operação, promete uma melhoria substancial na mobilidade dos cidadãos e na gestão do tráfego.
Uma das grandes inovações do sistema é a disponibilização de informações em tempo real através de uma plataforma digital. Através de um website e uma aplicação móvel, os utentes podem consultar mapas interativos, verificar os percursos das linhas, a localização das paragens e acompanhar os autocarros em tempo real. Este avanço tecnológico visa facilitar a experiência dos utilizadores, oferecendo uma gestão mais eficiente e intuitiva dos horários e itinerários disponíveis.
Segundo Sérgio Soares, presidente executivo da Transdev para Portugal e Espanha, a implementação dessa tecnologia não é uma novidade radical, mas sim uma exigência que já se reflete nas expectativas atuais dos passageiros. “A informação digitalizada e em tempo real é algo que já existe há alguns anos. Não estamos a fazer nada que os utentes não esperem”, afirmou, durante a cerimónia de lançamento no Museu Nacional Ferroviário de Lousado, em Famalicão.
Além disso, o sistema permitirá a aquisição de passes municipais, com um custo de 30 euros, e passes gerais, no valor de 40 euros. Também será promovida a integração do sistema Andante, especialmente nas linhas que ligam Famalicão à Trofa e a Santo Tirso, o que facilitará a mobilidade intermunicipal entre as diferentes áreas.
A criação da Mobiave tem gerado algum debate, particularmente devido à coexistência com outras redes de transportes na região, nomeadamente a Unir e a Ave Mobilidade. Esta sobreposição de sistemas tem sido criticada por especialistas, que apontam para a falta de integração entre as redes, o que poderá continuar a gerar problemas de mobilidade nas zonas limítrofes. Marco Martins, presidente dos Transportes Metropolitanos do Porto (TMP), e o professor universitário Álvaro Costa, destacaram que a criação de mais uma autoridade de transportes poderá resultar em duplicação de esforços e em desafios para a gestão eficaz dos serviços.
No entanto, os autarcas dos municípios abrangidos pela Mobiave defenderam a necessidade do novo sistema. Mário Passos, presidente da Câmara de Famalicão, sublinhou que não havia garantias de melhoria na rede existente, que apresenta várias falhas de cobertura em determinadas zonas. Já António Azevedo, presidente da Câmara da Trofa, destacou que a Mobiave surgiu devido à insuficiência de linhas da Unir no seu município, especialmente em áreas de grande relevância para os cidadãos. Alberto Costa, presidente da Câmara de Santo Tirso, afirmou que o sucesso da Mobiave será avaliado ao longo dos sete anos da concessão, mas manifestou otimismo quanto ao impacto positivo do novo modelo.
O futuro da Mobiave, portanto, dependerá não apenas da sua capacidade de melhorar a mobilidade, mas também de como conseguirá integrar-se de forma harmoniosa com as redes existentes, respondendo às necessidades reais da população local e ajustando-se às dinâmicas intermunicipais.