A 82ª cerimónia dos Globos de Ouro, realizada na madrugada de ontem em Beverly Hills, foi marcada pela consagração dos filmes O Brutalista, de Brady Corbet, e Emilia Pérez, de Jacques Audiard, como os melhores do ano. Ambas as produções arrecadaram várias estatuetas, destacando-se como grandes vencedores da noite.
No campo cinematográfico, O Brutalista recebeu o prémio de Melhor Filme Dramático, e Brady Corbet foi reconhecido com o Globo de Ouro de Melhor Realização. A performance de Adrien Brody como László Tóth, o arquiteto húngaro fugido para os Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial, rendeu-lhe o prémio de Melhor Ator em Filme Dramático. Durante o seu discurso, Brody, profundamente emocionado, fez uma referência especial aos seus pais e avós, que também haviam emigrado de uma Europa devastada pela guerra. “Espero que este trabalho possa elevar-vos e dar-vos uma voz”, declarou.
O próprio Brady Corbet, vencedor de duas estatuetas, dedicou a sua vitória a todos aqueles que apostaram no filme nos momentos de maior incerteza. “O Brutalista” levou mais de sete anos para ser concretizado e, ao ser distribuído pela A24 e Warner Bros., tornou-se um dos filmes mais cotados da temporada. Corbet, em uma de suas passagens pelo palco, defendeu que os realizadores devem sempre ter a palavra final na edição, apelando à necessidade de apoiar os cineastas no processo criativo.
Por outro lado, Emilia Pérez brilhou com quatro prémios, incluindo Melhor Filme Musical ou Comédia, Melhor Filme em Língua Estrangeira e Melhor Canção Original, com “El Mal”, interpretada por Zoe Saldaña. A atriz Zoe Saldaña, visivelmente emocionada, agradeceu pelo reconhecimento e fez uma homenagem à protagonista, Karla Sofía Gascón, a atriz transgénero que interpreta a personagem-título. “Karla, mais ninguém teria podido interpretar Emilia. És única”, afirmou.
Karla Sofía Gascón, que também estava nomeada para o prémio de Melhor Atriz em Filme Musical ou Comédia, perdeu para Demi Moore, que fez um discurso comovente ao receber o seu primeiro Globo de Ouro depois de 45 anos de carreira. A atriz, que interpreta Elisabeth Sparkle em A Substância, revelou ter quase desistido da carreira, mas encontrou renovada inspiração ao aceitar um papel ousado e inesperado.
Em outras categorias cinematográficas, o Globo de Ouro de Melhor Filme de Animação foi atribuído a Flow, vindo da Letónia, e a banda sonora de Challengers foi eleita a melhor da temporada. O filme Conclave, sobre a escolha de um papa, foi premiado com o Globo de Ouro de Melhor Argumento. Wicked recebeu um prêmio especial de Conquista Cinemática e de Bilheteira.
Na televisão, a série japonesa Shōgun, que conta com personagens portugueses, foi a grande vencedora da noite. A produção da FX dominou as categorias de drama, arrecadando quatro estatuetas: Melhor Série Dramática, Melhor Atriz para Anna Sawai, Melhor Ator para Hiroyuki Sanada e Melhor Ator Secundário para Tadanobu Asano. A série, que já havia vencido nos Emmys, foi elogiada pelo cocriador Justin Marks, que destacou a improbabilidade do sucesso de Shōgun e a importância de dar espaço a projetos ousados. A produção tem no elenco os portugueses Joaquim de Almeida e Louis Ferreira.
Ainda na televisão, a minissérie Baby Reindeer da Netflix foi premiada como Melhor Minissérie, e Richard Gadd, seu escritor e protagonista, agradeceu ao público e aos executivos da televisão pela aceitação de uma história sombria e verdadeira, abordando as dificuldades da vida real. Baby Reindeer também levou o Globo de Ouro de Melhor Atriz Secundária em Televisão para Jessica Gunning, que expressou a sua surpresa com o sucesso da série.
Por fim, na categoria de Melhor Série Musical ou Comédia, Hacks foi premiada, com Jean Smart conquistando o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Série Musical ou Comédia. Já Jeremy Allen White, de The Bear, levou o troféu de Melhor Ator na mesma categoria. A comediante Ali Wong foi reconhecida pela sua atuação em Ali Wong: Single Lady, recebendo o Globo de Ouro de Melhor Performance Stand-Up para Televisão.
A cerimónia foi ainda histórica, com a atriz brasileira Fernanda Torres recebendo o primeiro Globo de Ouro de sempre atribuído a uma atriz brasileira, por sua atuação em Ainda Estou Aqui.
Esta 82ª edição dos Globos de Ouro foi um reflexo do talento e da diversidade presentes na indústria cinematográfica e televisiva, premiando produções e artistas de várias partes do mundo.
