O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, criticou esta segunda-feira a moção de censura apresentada pelo Chega, afirmando que tal iniciativa “não faz sentido” e que o foco devia ser a aprovação do Orçamento Regional para 2025 antes de qualquer movimento político. “Se querem brincar aos partidos, que seja depois do Orçamento, porque isso toca no bolso de toda a gente”, sublinhou o líder do executivo madeirense, preocupado com a possibilidade de paralisia governativa.
Albuquerque fez estas declarações na abertura do Curso Intensivo de Segurança e Defesa (CISEDE), no Funchal, frisando que a maioria dos residentes na Madeira e Porto Santo teme uma paralisia governamental, situação que considera prejudicial para a população e para a região. Destacou ainda que a não aprovação do orçamento poderá estagnar compromissos já assumidos, como a revisão de carreiras, reduções em sede de IRS e a construção do novo hospital da região. “Tudo isto ficará parado, o que é uma total irresponsabilidade. Devíamos focar-nos no Orçamento antes de qualquer brincadeira partidária”, reforçou.
Miguel Castro, presidente do Chega/Madeira, avançou com a moção de censura devido a investigações em curso envolvendo Albuquerque e quatro secretários regionais, constituídos arguidos sob suspeitas de corrupção e abuso de poder. Castro argumenta que o executivo atual não tem condições para liderar a região, embora tenha admitido recuar na moção caso surja outra solução para o governo regional.
Este cenário de instabilidade ocorre após o PSD e o CDS-PP, que juntos não alcançam maioria absoluta, terem conseguido aprovar o Orçamento de 2024 com a abstenção do Chega. Contudo, a composição da Assembleia Legislativa mantém-se fragmentada, com 19 deputados do PSD, 11 do PS, nove do JPP, quatro do Chega, entre outros.
O PS e a Iniciativa Liberal já declararam apoio à moção, enquanto o JPP e o PAN ainda deliberam. Albuquerque, porém, reafirma que não se demite e assegura que o PSD está preparado para enfrentar qualquer cenário, incluindo eleições antecipadas.