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Os Espelhos Rachados do PS: Quando a Memória Falha e a Moral se Aluga

A liberdade de expressão não é um favor que se concede, é um direito que se exerce. E, nesse exercício, o jornal ORegiões — do qual sou diretor — tem cumprido com rigor a sua missão: informar com independência, fiscalizar o poder e recusar o papel de megafone de qualquer agenda partidária. O que incomoda, naturalmente, aqueles que confundem serviço público com palco privado.

O senhor Armindo Taborda, no seu recente e inflamado comentário nas redes sociais, decidiu aventurar-se no terreno movediço da especulação e da insinuação gratuita. Fê-lo, como é hábito nos corredores de certo socialismo caseiro, com o dedo em riste e o espelho virado ao contrário.

Acusa-me — com um à-vontade que só a falta de factos permite — de estar à espera de um “tacho”, de uma qualquer assessoria prometida por quem defendo. Como se o jornalismo independente tivesse agora a necessidade de ser tutelado por quem está à espera de emprego num gabinete camarário. Senhor Taborda, talvez esteja a projectar no espelho da sua consciência aquilo que viveu na prática: foi bancário e, como por milagre socialista, encontrou-se secretário da então Governadora Civil, Alzira Serrasqueiro. Se isso não foi um “tacho”, então a gastronomia política do PS precisa urgentemente de nova definição.

Mais grave ainda, a sua tentativa de reescrever a história recente da imprensa regional. O jornal ORegiões, ao contrário do que sugere, foi alvo de sucessivas tentativas de silenciamento por parte da autarquia liderada por Leopoldo Rodrigues, actual presidente da Câmara de Castelo Branco e recandidato pelo PS. A retaliação veio disfarçada de cortes publicitários, exclusões programadas e um desprezo sistemático por uma imprensa que ousa pensar pela sua própria cabeça. Não servimos o poder, servimos o público. E por isso, incomodamos.

A sua afirmação de que a notícia sobre militantes expulsos visa “flagelar o PS” é reveladora do problema central: para alguns, a verdade só tem valor quando é conveniente. Publicar factos, citar nomes, mostrar incoerências e decisões internas de um partido é jornalismo. O resto — a tentativa de abafar tudo sob o pretexto da estabilidade partidária — é propaganda.

Mas não nos desviemos. O senhor Armindo, ao sugerir que alguém “me prometeu um tacho”, escorrega para o insulto gratuito, desprovido de qualquer suporte factual. Se algo me prometeram, foi apenas mais resistência por parte de quem se incomoda com jornalismo de investigação. E essa promessa tem sido, infelizmente, cumprida com zelo.

Façamos um acordo, senhor Taborda: cada um com a sua profissão. O senhor com as suas memórias bancárias e amizades partidárias; eu com o jornalismo — esse ofício antigo que não se verga aos humores do poder. E, se algum dia for verdade o que insinua, terei a hombridade de lhe dar razão. Mas até lá, poupe-nos à moral de bolso que só sai do casaco quando o partido permite.

A democracia não se sustenta com tachos, mas com transparência. E enquanto a cozinha socialista continuar a confundir os dois, cá estaremos, panela na mão — mas para bater, não para servir.

 

Fernando Jesus Pires
Jornalista, Diretor Do Jornal oRegiões

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Fernando Jesus Pires
Fernando Jesus Pireshttps://oregioes.pt/fotojornalista-fernando-pires-jesus/
Jornalista há 35 anos, trabalhou como enviado especial em Macau, República Popular da China, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coréia do Sul e Paralelo 38, Espanha, Andorra, França, Marrocos, Argélia, Sahara e Mauritânia.

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