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“Os seus países estão a caminho do inferno”: Trump expõe sua visão de mundo em discurso na ONU

Presidente norte-americano critica aliados, questiona o papel da ONU e reforça discurso nacionalista em quase uma hora de fala

Em um dos discursos mais longos e incisivos já feitos na Assembleia Geral das Nações Unidas, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentou uma visão de mundo marcada pelo nacionalismo, pela rejeição ao multilateralismo e por duras críticas a adversários e aliados. Durante quase uma hora, Trump exaltou realizações próprias, atacou a União Europeia, desqualificou a ONU e lançou novas críticas à Rússia e à guerra na Ucrânia.

Logo no início, o republicano destacou o que chamou de “era de ouro” dos Estados Unidos, repetindo alegações de que teria encerrado pessoalmente sete guerras — declaração contestada por analistas e organismos internacionais. Na sequência, voltou-se contra os anfitriões, acusando a ONU de ineficiência. “Palavras vazias não acabam com guerras”, afirmou, em referência às resoluções diplomáticas da entidade.

Entre críticas à burocracia do organismo e queixas até sobre problemas de infraestrutura em sua visita — como uma escada rolante quebrada — Trump manteve o tom de desprezo pelo multilateralismo. Para ele, crises internacionais devem ser resolvidas por líderes fortes em negociações diretas, e não por meio de mecanismos coletivos.

Ataques à Europa e ao ambientalismo

O alvo seguinte foram os países europeus. O republicano acusou o continente de estar “em sérios apuros” devido à imigração e às políticas ambientais. Classificou a transição energética como “a maior farsa já imposta ao mundo” e alertou que o “monstro de duas cabeças” — imigração e energia renovável — destruiria a Europa Ocidental.

Houve também um viés cultural em suas declarações, com a defesa da herança judaico-cristã do Ocidente e da liberdade religiosa, sobretudo para o cristianismo. Para analistas, esse ponto reflete não apenas política externa, mas também a retórica identitária que sustenta sua base eleitoral.

Rússia e Ucrânia em foco

Sobre a guerra na Ucrânia, Trump criticou Vladimir Putin, chamando a Rússia de “tigre de papel” e afirmando que sua recusa em encerrar o conflito prejudica a imagem de Moscou. Apesar disso, diplomatas apontam que sua crítica à Europa por continuar comprando energia russa seria uma forma de evitar sanções mais duras a Índia e China, grandes compradores de petróleo russo.

Em sua rede social, o ex-presidente foi além: sugeriu que a Ucrânia poderia estar em posição de recuperar todo o seu território, declaração que analistas veem com cautela. O otimismo surgiu após encontro com Volodymyr Zelensky, embora Trump não tenha mencionado apoio militar direto dos EUA, limitando a responsabilidade a aliados europeus e à OTAN.

Análise: trumpismo em estado bruto

O discurso de Trump foi descrito por observadores como a forma mais pura de sua ideologia. Para apoiadores, trata-se de uma reafirmação do “America First”; para críticos, um exemplo do trumpismo fora de controle.

Seis anos atrás, a plateia riu de suas declarações na ONU. Desta vez, prevaleceu o silêncio. Sua mensagem final, no entanto, sintetizou o tom da intervenção: “Eu sou muito bom nisso. Seus países estão indo para o inferno”.

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