A porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, reiterou esta terça-feira a proposta para a implementação da iniciativa “Segundas-feiras sem Carne” em instituições públicas como escolas, universidades, edifícios governamentais e na própria Assembleia da República. A líder do partido Pessoas–Animais–Natureza defendeu que a adoção desta medida contribuiria de forma significativa para a redução da pegada carbónica da alimentação e para a promoção da saúde pública.
À entrada de uma conferência dedicada aos desafios jurídicos da alimentação vegetal, organizada na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Sousa Real afirmou que o Estado deve assumir um papel exemplar na transição para dietas mais sustentáveis. Sublinhou ainda que o Governo e o Parlamento devem dar o exemplo, ao incluir refeições vegetarianas regulares nas suas cantinas e eventos oficiais.
A proposta do PAN já havia sido apresentada na Assembleia da República no ano passado, mas sem obter avanços concretos. Nessa ocasião, o então ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, respondeu com um convite provocatório à líder do PAN para comer uma “francesinha de carne barrosã”, em nome da tolerância e moderação. Inês de Sousa Real recusou o convite, mas o episódio ilustrou o confronto ideológico em torno das políticas alimentares e ambientais.
A porta-voz do PAN defendeu também a criação urgente de uma estratégia nacional para a produção de leguminosas, apontando a necessidade de reforçar a autonomia alimentar do país. Para além da aposta nas leguminosas, considerou essencial retomar a produção nacional de cereais e alinhar o sector agrícola com os objetivos de descarbonização definidos internacionalmente.
Durante a sua intervenção, Sousa Real denunciou igualmente recentes casos de maus-tratos a animais em explorações pecuárias portuguesas, nomeadamente na empresa Lusiaves, e apelou à criação de fundos públicos para apoiar empresas que queiram transitar para modos de produção mais sustentáveis e éticos.
A líder do PAN lamentou ser a única deputada vegana no Parlamento, considerando essa realidade um dos factores que motivam a sua ação política e o seu esforço de sensibilização junto dos restantes deputados. Reforçou que a luta pela proteção dos animais e pela justiça ambiental é inseparável das escolhas alimentares promovidas pelo Estado.
No que diz respeito ao futuro político do partido, Inês de Sousa Real declarou abertura ao diálogo com qualquer Governo, seja ele de esquerda ou de direita, assegurando que o PAN continuará a trabalhar pelas causas que representa e pelos seus eleitores, independentemente da composição parlamentar futura.
A porta-voz concluiu que o mundo enfrenta uma crise climática sem precedentes e que é urgente alterar os padrões de consumo alimentar e a forma como os recursos do planeta são utilizados. Lembrou que a alimentação tem um impacto directo na saúde humana e que os responsáveis políticos não podem continuar a ignorar essa realidade.
Vamoláver, como dizia o outro. Os Portugueses querem comer bifes de meio kg ou hamburgeres todos os dias ? Por mim tudo bem. Excepto num aspecto, aquele em que me vão ao bolso. Eu explico. O consumo excessivo de carnes vermelhas, acima do valor recomendado pela OMS, está associado a problemas de saúde vários, incluindo diabetes. Tendo em conta que problemas de saúde significam custos de centenas de milhões que tem de suportados com um aumento de impostos então isso significa que quem quer comer à vontadinha (ou quer beber e fumar à vontadinha) é bom que arranje um seguro de saúde para que as suas más opções de vida não recaiam sobre outros que tem muito cuidado com o seu estilo de vida e raramente adoecem. Ninguém pode ser criticado por ter nascido doente, mas pode criticar-se aqueles cujos hábitos pouco saudáveis acabam por ser um encargo para os outros.