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PCP, essa Miss-Simpatia sem Faixa 

Concursos de beleza política sem jurados 
O PCP é a miss-simpatia das autárquicas. A cada debate que se ouve, percebe-se que os candidatos comunistas conhecem bem os problemas de cada cidade, vila ou aldeia, como se tivessem vivido debaixo de cada telha partida e bebido água de cada chafariz ferrugento. Que sabem o que dizem e que dizem o que dói mais a quem está no poder, como um dentista sem anestesia a trabalhar no nervo exposto. Depois de ler o programa do PCP para a vila A ou para a cidade B, ninguém desconfia que aquela gente está mais do que preparada para gerir a nossa terra, mas tal como a miss-simpatia num concurso de antanho, não vai lá. 

A passadeira vermelha que leva ao beco sem saída 
Quase todos os eleitores esquecem-se do PCP (ou da CDU, que é como aparece no boletim de voto) e escolhe outro, como quem deixa a noiva no altar para casar com a prima afastada só porque trouxe bolo-rei com brinde. As razões não são simples, mas a gente tenta imaginar: talvez seja porque o eleitor português tem alergia crónica ao vermelho, excepto quando se trata de vinho barato servido em copo de plástico. Ou porque no subconsciente paira o medo de que, ao eleger comunistas, os feriados passem a ser celebrados com desfiles de tractores em vez de procissões de santos. 

A liturgia do voto e a missa sem padre 
Outro motivo poderá ser o trauma colectivo deixado por professores de História demasiado entusiasmados com a Revolução de Outubro, obrigando gerações de alunos a decorar nomes russos que soam a tosses mal curadas. O eleitor médio não quer regressar a essa infância, em que confundia Marx com marca de detergente e Lenine com doença de pele. Assim, quando vê a CDU no boletim, prefere fingir que é um erro tipográfico e segue para o logótipo mais colorido, de preferência com sol a nascer ou folhas verdes a crescer. 

Os milagres invisíveis da simpatia 
É também possível que os comunistas falhem por excesso de simpatia, e não por falta de competência. A “miss-simpatia” é sempre aquela candidata que sorri demasiado, abraça velhinhos e nunca parte pratos, mas a coroa vai sempre para a concorrente que já fez plásticas e sabe rebolar na passadeira como quem domina o Orçamento de Estado. Os comunistas, coitados, continuam a apresentar-se de fato gasto, programa impecável e discurso sólido — exactamente o que assusta o eleitorado, que prefere promessas delirantes como “menos impostos e mais auto-estradas” à verdade incómoda de que não há dinheiro nem para repor os cinzeiros nas repartições. 

O museu das intenções perdidas 
Há ainda quem diga que o PCP tem o azar de ser sempre o parente pobre da festa democrática: aparece, dança, paga a cerveja e no fim ninguém lhe dá boleia para casa. Talvez o problema esteja no ‘marketing’, esse monstro capitalista que eles juram combater, mas que secretamente invejam, porque transforma um candidato com ar de funcionário de repartição em salvador nacional. Os comunistas nunca perceberam a arte da selfie, do slogan vazio, da lágrima televisiva. E como a política é hoje um reality-show sem ‘canal de cabo’, quem não faz parte da encenação fica condenado ao papel de figurante com ar sério. 

A coroação do vazio 
No fim, a “miss-simpatia” continua a acumular diplomas de participação, enquanto os outros vão governando cidades como se fossem condomínios em regime de usucapião. O eleitor português sai satisfeito: não escolheu os chatos que sabem das coisas, mas sim os divertidos que prometem rotundas com fontes luminosas. E assim, todos os quatro anos, repete-se o espectáculo: o PCP desfila, sorri, acerta nas dores do povo, mas regressa sempre de coroa invisível e faixa inexistente. 

Epílogo para jurados imaginários 
A explicação, afinal, é simples: os comunistas dizem o que dói, e o povo português não gosta de médicos que diagnosticam doenças sem receita milagrosa. O PCP é a “miss-simpatia” que nunca sobe ao trono, porque nós, eleitores, preferimos votar em quem nos oferece algodão-doce na feira. Ironia suprema: no campeonato das autárquicas, a sinceridade é como os penáltis do Eusébio em filmes a preto-e-branco — toda a gente aplaude, mas já não contam para o resultado. 

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Joao Vasco Almeida
Joao Vasco Almeida
Editor Executivo. Jornalista 2554, autor de obras de ficção e humor, radialista, compositor, ‘blogger’,' vlogger' e produtor. Agricultor devido às sobreirinhas.

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