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Pedro Nuno Santos visita Cova da Moura e Bairro do Zambujal e critica ausência de Montenegro

Secretário-geral do PS aproveitou ida à zona que mais sofreu com os tumultos na Grande Lisboa para deixar uma bicada ao primeiro-ministro. O líder do PS criticou o primeiro-ministro por ainda não ter ido aos bairros na periferia de Lisboa onde nas últimas semanas houve desacatos, considerando já ser “um padrão” a ausência de Luís Montenegro no terreno com as pessoas, “porque também fui eu o primeiro a ir ao terreno a seguir aos incêndios. Quem governa o país não se pode furtar a estar presente no terreno com as pessoas”.

O apoio do presidente socialista da Câmara de Loures, Ricardo Leão, a uma resolução municipal proposta pelo Chega, na qual os condenados por desacatos nos bairros seriam despejados das suas casas municipais, foi só um “mau momento” que não invalida o “trabalho muito importante para a população de Loures” que tem conduzido pela autarquia.

Falando esta manhã com jornalistas no final de uma visita ao Bairro do Zambujal (concelho da Amadora), o líder do PS, Pedro Nuno Santos, recusou assim juntar-se a quem no PS já censurou fortemente o comportamento de Leão — tendo-se ouvido mesmo quem sugerisse que o autarca devia deixar a liderança da distrital de Lisboa do PS.

As declarações de Ricardo Leão já foram publicamente criticadas por vários socialistas, nomeadamente pelas deputadas Cláudia Santos e Isabel Moreira, pelo ex-ministro da Educação João Costa, e pelo eurodeputado Francisco Assis.

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O líder do PS já defendeu que todos os eleitos do PS estão comprometidos com a lei, considerando que um momento menos bom do presidente da câmara municipal de Loures, Ricardo Leão, não o define.

Questionado sobre se teme que o autarca de Loures tenha mais momentos polémicos, o líder do PS quis garantir que “os autarcas do Partido Socialista (…) estarão sempre ao lado da integração das comunidades, da coesão, porque sabem todos muito bem que a forma de garantirmos estabilidade e segurança nas comunidades é também intervindo do lado da coesão e da integração”.

“E todos os autarcas fazem isso no PS”, assegurou.

Nesta visita ao bairro do Zambujal, na Amadora, o líder do PS criticou o primeiro-ministro por ainda não ter tido agenda para visitar os bairros onde aconteceram tumultos nas últimas semanas. Pedro Nuno Santos, que passou pela Cova da Moura e por Caxias, lamentou que a eliminação das barracas em Portugal tenha gerado “guetos afastados” do Estado.

“As sociedades seguras constroem-se com coesão, com igualdade, com o combate à desigualdade”, declarou o secretário-geral socialista já na parte final da visita.

Acompanhado por Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras, que se tem popularizado nas redes sociais com vídeos que desmistificam a vida nos bairros, Pedro Nuno Santos destacou que “as realidades de município para município são muito diferentes” e “precisam de respostas diferenciadas”.

“Julgo que os autarcas, cada um à sua maneira, com a sua experiência e o seu saber, têm tentado dar as melhores respostas para fazer face a um fenómeno que o país nem sempre cuidou da melhor maneira”, declarou.

“Quando eliminámos as barracas em Portugal – e foi um esforço muito importante que o país foi capaz de fazer – infelizmente não o fizemos da melhor maneira, e criámos mesmo alguns guetos afastados dos serviços públicos, afastados do próprio Estado, e isso gera sentimento de exclusão, de abandono”.

O líder da oposição referiu que “nós hoje temos, felizmente, uma perspetiva diferente, e esse trabalho tem de ser feito”.

Um bom exemplo

Foi para “mostrar ao país” um “bom exemplo” de “cooperação” entre a PSP e a comunidade que Pedro Nuno visitou Oeiras. Ao lado de Isaltino Morais, presidente da Câmara local, elogiou o projeto de proximidade “Gira no Bairro”, da esquadra de Caxias: “É possível termos a PSP e a comunidade de um bairro lado a lado”, elogiou, expressando o desejo de que este exemplo se generalize.

O “Gira no Bairro” é um projecto promovido, desde 2019, pela Mundos de Papel – Associação e, desde 2021, integra a 8ª Geração do Programa Escolhas. Tem o espaço/sede na Esquadra da PSP de Caxias e, como foco, a intervenção com jovens do Bairro Dr. Francisco Sá Carneiro, em Laveiras Caxias, do Centro Educativo Padre António Oliveira, e com a população escolar do território de Caxias.

O projeto tem permitido estreitar e promover as boas relações entre a Polícia de Segurança Pública e a comunidade, e nomeadamente com os jovens.

A intervenção deste projeto tem tido um impacto muito significativo no apoio aos munícipes do Concelho de Oeiras, nomeadamente na integração de crianças e jovens de contextos mais vulneráveis, promovendo o desenvolvimento das suas competências pessoais, sociais, artísticas e desportivas, minimizando, com a sua atividade, fatores de risco e promovendo a inclusão e coesão social.

Questionado sobre o que levou aos tumultos, Pedro Nuno começou por dizer que “não há justificação para a violência”, garantindo também estar consciente dos problemas dos polícias – nesta terça-feira, reúne-se com dois sindicatos das forças de autoridade. No entanto, referiu que é preciso “empatia” e capacidade para cada um se colocar “nos sapatos dos outros”. Admitiu que a erradicação de barracas criou “alguns guetos”, que ficaram “afastados dos serviços públicos e do Estado” e, em consequência, votados ao “abandono”.

A visita

O périplo de Pedro Nuno pela periferia lisboeta começou às 10 horas, no bairro do Zambujal, Amadora, onde vivia Odair Moniz. A visita teve dois propósitos: mostrar que a normalidade nos bairros não se garante apenas pela via “securitária” e, também, procurar estabelecer um contraste com o Governo – mostrando que, ao contrário de Luís Montenegro, se desloca ao terreno. Repetiu esta ideia de manhã e de tarde.

“Quando a única coisa que fazemos é chamar as associações para se reunirem connosco num gabinete, não estamos a cuidar de ouvir as pessoas”, referiu Pedro Nuno, no bairro do Zambujal. À tarde, já em Caxias, insistiu: “Era muito importante que os membros do Governo viessem ao terreno, conhecessem os bons exemplos e o que não corre bem para, depois, terem as políticas certas”. Pelo meio, elogiou o presidente da República por ter ido ao Zambujal.

O líder do PS foi guiado pelo bairro por Vítor Monteiro, do Cazambujal, uma associação local. Pedro Nuno visitou uma creche da Santa Casa da Misericórdia da Amadora, no primeiro dia de funcionamento das novas instalações após um longo período de obras. Deteve-se um momento para, ajoelhado, fazer um pequeno puzzle com duas meninas pequenas.

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