O Sindicato Independente de Pilotos de Linhas Aéreas (SIPLA) anunciou a renovação da greve parcial dos pilotos da Portugália, que irá afetar os voos da TAP entre os dias 28 de março e 11 de abril. O protesto ocorrerá diariamente, entre as 03:00 e as 09:00, com a paralisação de 28 a 29 voos, salvo exceção da ligação obrigatória entre Lisboa e a Terceira, nos Açores.
Após a greve que decorreu de 12 a 27 de março, com uma adesão superior a 95% em alguns dias, os pilotos decidiram avançar com um novo pré-aviso, considerando que as negociações com a administração da TAP ainda não garantem estabilidade para o futuro da empresa. De acordo com o SIPLA, apesar de várias reuniões com a TAP, as propostas enviadas pela administração surgem alteradas e sem compromissos concretos que assegurem a segurança e as condições de trabalho dos pilotos da Portugália.
A grande preocupação do sindicato prende-se com a falta de garantias de que os trabalhadores da Portugália serão integrados na TAP, nomeadamente após a decisão da companhia aérea de reduzir a frota da Portugália de 19 para 17 aeronaves. Além disso, os pilotos criticam a ausência de mudanças substanciais, apesar da transição da Portugália de TAP SGPS para TAP SA, no contexto da reprivatização da empresa. O SIPLA teme pela continuidade da empresa, que emprega atualmente cerca de 900 trabalhadores.
Outro ponto de tensão é a regulamentação do Regulamento do Recurso à Contratação Externa (RRCE), criado em 1998, que limita a contratação de voos externos pela TAP, incluindo a Portugália. O sindicato acusa a TAP de violar as normas do regulamento, prejudicando ainda mais a posição da Portugália, considerada uma “empresa externa” e sem as mesmas condições de integração e valorização dos seus pilotos. A aplicação deste protocolo resultou, em 2024, em custos elevados para a TAP, com o pagamento de seis salários-base extraordinários a cada piloto da TAP.
Em resposta, a administração da TAP afirmou que está a tomar medidas para minimizar o impacto da greve nos passageiros e garantiu que a operação se manterá com normalidade, apesar do protesto. Contudo, o SIPLA considera que as medidas não são suficientes para resolver os problemas estruturais da Portugália e exige soluções imediatas que assegurem a estabilidade laboral dos seus pilotos.
Além disso, o sindicato já avançou com uma queixa junto da Autoridade da Concorrência portuguesa e está a preparar uma manifestação junto da Direção-Geral da Concorrência Europeia, em busca de uma resolução para as alegadas violações das normas de concorrência e para garantir o futuro da Portugália.