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Planetas sem estrelas? Estudo pioneiro de St. Andrews desafia os limites da astrofísica

Universidade escocesa revela que mundos solitários podem formar os seus próprios sistemas planetários, sem a presença de uma estrela-mãe

Um novo estudo liderado por investigadores da Universidade de St. Andrews, na Escócia, pode reescrever os manuais da astrofísica ao responder a uma das perguntas mais intrigantes da ciência moderna: será possível a formação de planetas em mundos sem estrelas?

A resposta, ao que tudo indica, é sim.

Descoberta desafia paradigmas

Durante décadas, acreditou-se que as estrelas eram os centros indispensáveis para a formação de planetas. Afinal, todos os planetas conhecidos — incluindo os do nosso Sistema Solar — orbitam uma estrela. No entanto, o estudo publicado recentemente por uma equipa internacional de cientistas, liderada pela Dra. Belinda Damian e pelo Dr. Aleks Scholz, oferece evidências convincentes de que planetas gigantes que flutuam livremente no espaço — ou seja, sem orbitar uma estrela — podem não só existir, como também formar os seus próprios sistemas planetários em miniatura.

“Estas descobertas mostram que os blocos de construção para a formação de planetas podem ser encontrados mesmo em torno de objetos que são pouco maiores do que Júpiter e que andam à deriva no espaço”, afirmou a Dra. Damian. “Isto significa que a formação de sistemas planetários não é exclusiva de estrelas, mas pode também funcionar em torno de mundos solitários.”

A infância dos planetas solitários

A equipa observou oito objetos celestes com massas entre 5 a 10 vezes superiores à de Júpiter. Extremamente jovens, estes planetas errantes foram estudados com a ajuda de dois instrumentos de infravermelhos de alta sensibilidade instalados no poderoso Telescópio Espacial James Webb (JWST).

Por emitirem radiação sobretudo no infravermelho e serem incrivelmente ténues, a sua observação é um desafio técnico. Contudo, os dados obtidos revelaram algo extraordinário: seis dos oito planetas apresentam emissões infravermelhas excessivas, atribuídas à presença de poeira quente — um sinal característico de discos protoplanetários, estruturas achatadas onde, tradicionalmente, nascem novos planetas.

Esses discos são semelhantes aos que se observam em torno de estrelas jovens e anãs castanhas. A grande surpresa, porém, é que nunca antes tais características tinham sido observadas em objetos de massa planetária, reforçando a hipótese de que planetas solitários podem gerar outros planetas.

Sementes de mundos rochosos?

A análise espectral revelou ainda a presença de grãos de silicato nos discos — os mesmos minerais encontrados em planetas rochosos como a Terra. Além disso, foram identificados sinais claros de cristalização e crescimento da poeira, considerados os primeiros passos no processo de formação planetária.

Planetas sem estrelas? Estudo pioneiro de St. Andrews desafia os limites da astrofísica
Foto: literaturblatt – Dr. Aleks Scholz

Para o Dr. Aleks Scholz, investigador principal do estudo, o cenário é promissor:

“Objetos com massas comparáveis às dos planetas gigantes têm potencial para formar os seus próprios sistemas planetários em miniatura. Esses sistemas poderiam ser como o sistema solar, apenas reduzidos por um fator de 100 ou mais em massa e tamanho. Resta saber se tais sistemas existem ou não”, explicou.

Estrelas: afinal não são essenciais?

A investigação levanta uma questão importante sobre a natureza do universo: será que estrelas são realmente essenciais para que planetas surjam? Se planetas gigantes podem formar discos e, a partir deles, gerar planetas menores, o conceito de que estrelas são os únicos berços da formação planetária precisa ser revisto.

Além disso, estudos anteriores da mesma universidade já haviam sugerido que os discos ao redor desses planetas errantes podem durar milhões de anos, tempo suficiente para permitir a formação completa de planetas.

Uma nova fronteira na astronomia

As implicações do estudo são vastas. Para além de desafiar as concepções atuais sobre a origem dos sistemas planetários, a descoberta pode ajudar a explicar a existência de planetas errantes já observados em outras regiões do cosmos, cuja origem e trajetória permaneciam um mistério.

Este trabalho reforça também a importância do Telescópio James Webb, cuja sensibilidade no infravermelho tem permitido observar o universo com detalhes sem precedentes.

A astronomia entra agora numa nova era, onde mundos solitários e silenciosos, vagando pelo espaço interestelar, ganham protagonismo como potenciais criadores de novos sistemas — e, quem sabe, até de ambientes habitáveis.

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