Polo Norte atingiu temperaturas inéditas no último domingo (4), registrando mais de 20°C acima da média histórica e ultrapassando o ponto de derretimento do gelo, segundo dados de agências meteorológicas europeias e norte-americanas. O fenómeno foi impulsionado por uma corrente intensa de ar quente do Atlântico, elevando as temperaturas na região para -1°C, um patamar incomum para o inverno polar
No sábado (3), temperaturas ao norte de Svalbard, na Noruega, já estavam 18°C acima da média de 1991-2020, aproximando-se de 0°C, limiar no qual o gelo polar começa a derreter. De acordo com Mika Rantanen, cientista do Instituto Meteorológico da Finlândia, o evento representa um episódio extremo de aquecimento no inverno ártico.
Embora não seja o maior já registrado, a anomalia climática preocupa especialistas. Segundo eles, o episódio foi impulsionado por um sistema de baixa pressão sobre a Islândia, que redirecionou ar quente para o Ártico, combinando-se com temperaturas elevadas no nordeste do Atlântico. Essa configuração atmosférica tem levantado novos alertas sobre os impactos das mudanças climáticas na região polar.
Os termómetros marcam alguns graus acima de 0, mas o normal para o final de novembro seria algo em torno de 25ºC negativos. O fenómeno deixou os cientistas muito apreensivos. Depois do verão, quando há derretimento da camada do gelo, é no inverno que ela volta a se formar e ficar mais grossa. Com as altas temperaturas registradas, os cientistas temem que os ursos polares, que agora caçam no Ártico, corram risco de vida, já que o gelo está fino demais para aguentar seu peso. E o que será destes animais se o Ártico descongelar?
Como consequência das altas temperaturas no Polo Norte, o gelo também está a levar muito mais tempo para se recompor do verão. Em geral, setembro é o mês em que ele atinge o menor volume anual. De acordo com os cientistas, a média atual da camada de gelo é menor do que foi registrado em 2012, quando atingiu uma baixa recorde histórica. Nos últimos 25 anos, a camada de gelo no Ártico foi reduzida em 30%.
O que está a acontecer no Polo Norte é um reflexo do cenário do clima mundial. Há alguns meses, a Organização Meteorológica Mundial publicou um relatório onde mostra que o aquecimento da superfície do planeta nos primeiros nove meses de 2016 chegou a cerca de 1,2ºC acima da média pré-industrial .
Quando há derretimento do gelo nos Polos, os oceanos recebem uma maior quantidade de água. Além disso, com a temperatura da água mais quente, o volume é maior. Consequentemente, a possibilidade de inundação e enchentes em cidades costeiras se torna mais alta.
Cientistas alertam que eventos como esse podem se tornar mais frequentes e intensos nos próximos anos, acelerando o derretimento do gelo marinho e contribuindo para o aumento do nível do mar. As condições climáticas extremas observadas reforçam a necessidade de ações urgentes para mitigar os efeitos do aquecimento global e preservar os ecossistemas árticos.
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