O Governo da Polónia anuncia restrições alargadas ao tráfego aéreo no leste do país, após pelo menos dezenove drones russos violarem o espaço aéreo polaco na noite de 9 para 10 de Setembro. A medida surge com o derrube de várias aeronaves não tripuladas e com o compromisso do primeiro-ministro Donald Tusk de avançar com uma modernização militar profunda
Novas medidas e implicações operacionais
Desde ontem, entraram em vigor restrições no espaço aéreo oriental da Polónia ‒ definidas como zona restrita EP R129 ‒ operacionais entre as 22:00 GMT e o amanhecer, até 9 de Dezembro.
Durante o dia, apenas voos militares ou civis devidamente registados com plano de voo e transponder activo, e em comunicação bidireccional com as autoridades, poderão operar nessa zona.
Os aeroportos de Lublin e Rzeszów mantêm voos comerciais regulares, apesar das restrições, segundo os seus horários oficiais.
Incursão e resposta militar
Polónia abateu drones russos com o suporte de forças da NATO após uma onda de incursões durante um ataque russo na Ucrânia.
O primeiro-ministro Donald Tusk descreveu o incidente como a mais grave provocação desde a II Guerra Mundial, e invocou o Artigo 4 do Tratado do Atlântico Norte, que obriga consultas entre estados-membros perante ameaças à segurança colectiva.
Danos civis, apelos internacionais e modernização
Uma casa em Wyryki teve o telhado destruído quando um objecto tipo drone atingiu o edifício; não foram reportados feridos. Autoridades encontraram detritos de drones em diversas localidades no leste da Polónia, incluindo Czosnówka e Czesniki.

O primeiro-ministro Tusk comprometeu-se a prosseguir um programa de modernização militar que inclui a recepção dos primeiros caças F-35 dos Estados Unidos em 2026, no âmbito de um acordo para equipar Polónia com trinta e dois aparelhos até 2030.
UE e NATO reforçam defesa aérea face à Rússia
A União Europeia (UE) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) reforçam medidas de defesa aérea e mobilização militar após a queda de drones russos em território polaco, em 10 de Setembro, o primeiro incidente deste género desde o início da guerra da Ucrânia. As forças aliadas actuaram de imediato, derrubando 19 aparelhos, alguns a mais de 150 quilómetros da fronteira, e intensificaram exercícios antes do arranque das manobras russas Zapad 2025.
Segundo confirmaram o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, e o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, caças F-35 e F-16 de Países Baixos, Polónia, Itália e Alemanha foram accionados para proteger o espaço aéreo aliado. O episódio levou à activação do Artigo 4.º do Tratado do Atlântico Norte, convocando consultas urgentes em Bruxelas sobre a resposta estratégica.
Polónia na linha da frente
Varsóvia denunciou a incursão como «um acto de agressão deliberado», tendo encerrado temporariamente quatro aeroportos e reforçado as defesas nas regiões orientais. O incidente ocorreu a dias do início dos exercícios conjuntos russo-bielorrussos, alimentando receios de escalada.
Donald Tusk anunciou um programa acelerado de modernização militar, que inclui a aquisição de caças norte-americanos F-35 até 2030. «A Polónia será uma barreira sólida na defesa europeia», afirmou.
UE discute escudo aéreo europeu
O alto representante da União Europeia para a Política Externa, Josep Borrell, declarou que «a segurança da Polónia é segurança da Europa» e apoiou o apelo ucraniano para a criação de um escudo aéreo europeu conjunto. A proposta, já apresentada por Volodymyr Zelensky, regressa agora ao centro do debate após a demonstração de vulnerabilidade da fronteira oriental.
O Conselho Europeu prepara-se para avaliar novos mecanismos de defesa colectiva e financiamento através da Cooperação Estruturada Permanente (PESCO). O objectivo é coordenar radares, sistemas Patriot, caças e satélites num quadro de resposta comum, reduzindo a dependência de recursos dispersos.
NATO aumenta exercícios e alerta
A NATO realizou esta semana o exercício “Bulgaria 2025”, com participação de mais de 20 países e simulações de ataques híbridos. Bruxelas confirmou que o calendário de exercícios militares será reforçado, incluindo manobras navais no Báltico e operações conjuntas no espaço aéreo europeu.
Mark Rutte declarou que «nenhum centímetro de território aliado ficará sem defesa» e salientou que a Aliança Atlântica se mantém pronta para responder de forma proporcionada a qualquer provocação russa.
Risco de conflito alargado
Analistas militares sublinham que a utilização de drones baratos, mas em grande número, coloca sérios desafios aos sistemas de defesa ocidentais, concebidos para ameaças mais convencionais. A capacidade de Moscovo em saturar o espaço aéreo pode pressionar o investimento europeu em novas tecnologias de intercepção.
Apesar de Moscovo negar intenções hostis e alegar «erros técnicos», a proximidade dos exercícios Zapad 2025 é vista como um sinal de pressão militar sobre o flanco leste da NATO. Para já, tanto a UE como a NATO procuram mostrar coesão e capacidade de resposta, num momento em que a guerra da Ucrânia já ultrapassa três anos e ameaça expandir-se.
Reacções internas e externas
Moscovo rejeita que a incursão fosse intencional e afirma que não planeou atacar território polaco.
A NATO iniciou consultas após a activação do Artigo 4; líderes europeus condenaram o episódio como deliberado.
Presidentes e chefes de Estado da União Europeia apelam a sanções mais severas contra a Rússia, enquanto especialistas alertam para os riscos crescentes à aviação civil e à segurança nas regiões fronteiriças.