Portugal apela à contenção e expressa “grande preocupação” face à instabilidade em Moçambique

O Governo português, através do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, manifestou esta segunda-feira “grande preocupação” com a situação em Moçambique, na sequência de protestos violentamente reprimidos pela polícia moçambicana. Os protestos foram convocados por Venâncio Mondlane, candidato da oposição nas eleições de 9 de outubro, que acusa as forças de segurança de atuarem como “verdadeiros terroristas”.

Durante as manifestações, a polícia moçambicana recorreu a gás lacrimogéneo, inclusive contra Mondlane enquanto este falava à imprensa. O líder da oposição foi forçado a abandonar o local, e vários jornalistas ficaram feridos nos confrontos que se seguiram entre manifestantes e as forças de segurança em Maputo.

Portugal já tinha condenado anteriormente a violência que resultou na morte de dois apoiantes de Mondlane e, mais uma vez, Paulo Rangel apelou à contenção de todas as forças envolvidas. “É essencial que o processo eleitoral decorra de forma ordeira e legal”, afirmou, sublinhando que a estabilidade do processo é vital para a legitimidade das futuras autoridades moçambicanas.

A União Europeia também reagiu, classificando a repressão das manifestações como “bastante preocupante”, e apelou ao respeito pelos direitos fundamentais e políticos no contexto das eleições.

Venâncio Mondlane, por seu lado, reivindicou vitória nas eleições e prometeu novas fases de protestos até à proclamação dos resultados, previstos para serem anunciados pelo Conselho Constitucional após a análise de eventuais recursos.

A instabilidade política e social em Moçambique tem-se agravado com as preocupações económicas também em destaque, após a agência de notação financeira S&P ter descido o rating da dívida interna do país, citando uma possível falha nos pagamentos e a deterioração das finanças públicas.