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Portugal não resistia aos mísseis israelitas e durava 72 horas se Espanha invadisse

Num cenário hipotético de ataque com 200 mísseis balísticos semelhantes aos empregues por Israel contra o Irão em 2025, as Forças Armadas Portuguesas evidenciariam limitações estruturais insuperáveis.

O sistema de defesa aérea nacional, baseado em baterias MIM—104 Patriot e NASAMS, complementadas por mísseis portáteis Stinger, carece de capacidade para interceptar uma salva massiva. A ausência de escudos antimísseis balísticos (como sistemas THAAD ou Aegis) e a cobertura fragmentada deixariam alvos críticos – Lisboa, Porto e bases militares — indefesos. Com um tempo de reacção inferior a 10 minutos e sem integração robusta de sistemas nacionais, a defesa dependeria exclusivamente da interoperabilidade com a NATO. A conclusão é clara: Portugal não possui dissuasão autónoma contra ameaças balísticas de alta intensidade.

A hipótese de invasão terrestre por Espanha revela um desequilíbrio estratégico ainda mais dramático. Espanha dispõe de 120.000 efectivos contra os 25.000 portugueses, além de superioridade esmagadora em meios blindados: 474 tanques de combate contra 220, e 2.086 viaturas blindadas contra 425. Na artilharia, a diferença é decisiva: enquanto Espanha opera 109 peças autopropulsadas e 18 sistemas de foguetes múltiplos, Portugal possui zero unidades nestas categorias. A única brigada mecanizada portuguesa (BrigMec), ainda que treinada para operações internacionais, não está dimensionada para combate convencional de alta intensidade. A logística obsoleta – com viaturas Pandur II com três décadas de serviço – contrasta com os 13.500 veículos de transporte espanhóis. Perante esta realidade, projecções indicam que uma ofensiva espanhola dominaria o território em 72 horas, explorando fronteiras permeáveis e superioridade aérea.

Fragilidades Estruturais: Uma Análise Aprofundada

O estado actual das Forças Armadas Portuguesas agrava estes cenários de forma preocupante. A crise de pessoal atinge níveis históricos: entre 2014 e 2024, a Marinha perdeu 2.300 militares – equivalente a 40% dos seus efectivos operacionais. Na Força Aérea, 78% dos técnicos especializados em sistemas de radar e guerra electrónica abandonaram a carreira antes dos 15 anos de serviço, atraídos por salários civis até três vezes superiores. Este êxodo criou “zonas fantasmas” em unidades críticas: o Centro de Informações e Segurança Militar (CISMIL) opera com apenas 60% dos analistas

necessários, enquanto os regimentos de artilharia antiaérea têm défices de 45% nos operadores de sistemas Patriot.

A obsolescência do material militar é igualmente alarmante. Dos 37 carros de combate Leopard 2A6, apenas 18 estão plenamente operacionais devido à escassez de peças de reposição. As fragatas da classe Bartolomeu Dias – adquiridas em segunda mão à Holanda em 2006 – carecem de sistemas de defesa contra mísseis hipersónicos, vulnerabilidade exposta em exercícios da NATO em 2023. A artilharia de campanha ainda utiliza obuseiros M114 de 1942, incapazes de responder à mobilidade das forças modernas. Pior: Portugal é o único país da Europa Ocidental sem qualquer sistema de foguetes múltiplos de lançamento (MLRS), lacuna que deixaria as tropas nacionais expostas a barragens de artilharia.

Logística e Sustentabilidade: O Calcanhar de Aquiles

A capacidade logística revela fracturas ainda mais profundas. O Exército possui apenas 15 camiões de reabastecimento em campo, suficientes para apoiar uma única unidade mecanizada por 48 horas. Os depósitos de munições terrestres armazenam stocks para sete dias de combate intensivo — abaixo dos 30 dias recomendados pela NATO. Nas infra-estruturas, 60% das pistas secundárias das bases aéreas apresentam fissuras críticas, limitando operações de emergência. A dependência externa é avassaladora: 85% das peças de reposição para veículos blindados são importadas, com prazos de entrega que podem exceder 18 meses.

Os compromissos internacionais agravam esta fragilidade. A missão na República Centro—Africana (MINUSCA) consome 40% da capacidade de transporte aéreo táctico, enquanto a participação no Battlegroup da UE em 2026 drenará 1.100 dos 25.000 militares nacionais. “Esvaziamos o armário para vestir os vizinhos”, admitiu um oficial do Estado—Maior sob anonimato.

Portugal resistiria no máximo 48 a 72 horas perante ameaças convencionais. A defesa anti míssil autónoma é inexistente, e a inferioridade material frente a Espanha é intransponível sem apoio aliado. O investimento na Defesa (1.44% do PIB em 2024) permanece abaixo das necessidades identificadas pelos chefes militares, que alertam para lacunas em “protecção antiaérea, fogos e comunicações”.

A raiz do problema é sistémica:

— Fuga de Cérebros: 900 especialistas abandonam as Forças Armadas anualmente;

— Envelhecimento Crítico: 43% dos sargentos têm mais de 45 anos;

— Dependência Tecnológica: 0% da cibersegurança militar usa sistemas nacionais;

— Financiamento Insuficiente: São necessários 600 milhões/ano adicionais até 2030.

Como resumiu o General Cartaxo Alves, Chefe do Estado—Maior da Força Aérea: “A carreira militar é digna, mas não se pode competir com o mercado civil em salários. Precisamos de reconhecimento.” O Almirante Silva Ribeiro, ex—Chefe da Marinha, foi mais directo: “Sem satélites próprios, com radares costeiros dos anos 80 e um Exército da dimensão de um corpo de intervenção, não nos iludamos: somos um protectorado da NATO.”

A soberania nacional depende, hoje, de um frágil equilíbrio entre compromissos da Aliança Atlântica e vulnerabilidades domésticas agravadas por décadas de subfinanciamento. O relatório do Estado—Maior—General de 2024 é claro: “As Forças Armadas portuguesas não estão dimensionadas para conflitos convencionais assimétricos.” Resta saber se a lição da guerra na Ucrânia — onde nações menores resistiram mediante investimento em tecnologia assimétrica — será ouvida antes que seja demasiado tarde.

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