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Portugal Sentado em Ouro Branco: Lítio Estratégico Ignorado pela Falta de Coragem Política

Portugal possui reservas de lítio com potencial para se afirmar como fornecedor estratégico da Europa, mas continua a faltar visão, coragem política e conhecimento do território para transformar essa oportunidade em riqueza nacional. O alerta é de Miguel Goulão, presidente da Associação Portuguesa da Indústria dos Recursos Minerais (Assimagra), que acusa o país de desperdiçar mais uma oportunidade de ouro no setor mineiro

Portugal Sentado em Ouro Branco: Lítio Estratégico Ignorado pela Falta de Coragem Política
Foto: Jornal Negócios – Miguel Goulão

“A crítica que aponta que as nossas reservas são pequenas ou demasiado dispendiosas não tem qualquer sustentação científica”, afirmou o responsável em entrevista à Lusa. Segundo Goulão, as primeiras sondagens realizadas aumentaram em 200% a capacidade inicialmente prevista, elevando o potencial de extração para o equivalente a 500 mil veículos elétricos. Estes dados reforçam a possibilidade real de Portugal se tornar uma peça-chave no fornecimento europeu de lítio, recurso essencial para a transição energética e a mobilidade elétrica.

A referência concreta foi à mina do Barroso, em Boticas, onde a empresa britânica Savannah Resources confirmou a existência de “quantidades significativamente superiores” às inicialmente estimadas, consolidando a zona como a maior reserva de espodumena de lítio da Europa. A exploração, no entanto, tem gerado forte contestação social, ações judiciais e protestos públicos. A Declaração de Impacte Ambiental (DIA), emitida em 2023, foi condicionada, e a empresa prevê o início da produção apenas em 2027.

Para Miguel Goulão, a discussão pública sobre o lítio tem sido marcada por preconceitos e desconhecimento. “Fala-se muito sobre o que se desconhece. Sem sondagens nem estudos no terreno, não é possível saber qual o real potencial dos nossos recursos naturais”, sublinhou.

O dirigente relembrou que os projetos mineiros podem ser decisivos para revitalizar regiões do interior e travar a desertificação populacional. “Não se consegue fixar pessoas no interior sem projetos económicos viáveis. A indústria dos recursos minerais tem essa capacidade: está presente onde mais nenhuma outra consegue estar”, declarou.

Miguel Goulão reconheceu que a atividade mineira tem impactos no território, mas defendeu que esses impactos podem ser controlados e até revertidos. “Durante a exploração é possível minimizar efeitos negativos e, no fim, devolver o território às populações com melhor qualidade. Veja-se o exemplo da Estufa Fria ou do Parque Eduardo VII, ambos antigos locais de extração”, exemplificou.

O presidente da Assimagra lamentou ainda a crónica falta de investimento nacional no setor e criticou a ausência de uma estratégia política consistente. “Portugal tem tido oportunidades e perde quase todas. Falta vontade política séria para apoiar projetos desta dimensão”, acusou.

“Os países valem pelos seus territórios e pela capacidade de gerar valor a partir deles. E nós continuamos reféns de um modelo económico ultrapassado e esgotado”, concluiu.

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