Portugueses Vão Investigar Alterações Climáticas na Antártica a Bordo de Veleiro. Uma expedição científica portuguesa embarcou no El Doblón, veleiro turístico alugado para a missão, dia 28 de Janeiro, numa jornada única rumo à Península Antártica, onde se propõe a estudar os impactos das alterações climáticas nas áreas costeiras da região, regressando a 29 de Fevereiro e contribuindo para um estudo global
Com início marcado para fevereiro, esta missão pioneira reunirá 11 investigadores de universidades portuguesas, espanholas e chilenas, que se aventurarão por 15 dias a bordo de um veleiro de 24 metros, adentrando as baías mais remotas e de difícil acesso desse continente gelado.
Batizada de “COASTANTAR 2024”, esta iniciativa marca um marco significativo na pesquisa antártica portuguesa, representando a primeira expedição do país a utilizar um veleiro como plataforma para investigação científica na região. Os pesquisadores, provenientes das universidades de Lisboa, Algarve e Coimbra, juntamente com instituições da Espanha, serão responsáveis por uma variedade de projetos abrangendo desde estudos das ciências naturais até análises sociais, com um foco especial nas mudanças de temperatura e solo nas zonas costeiras.
Gonçalo Vieira, coordenador da expedição e pesquisador do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa, ressalta a importância dessa iniciativa em meio ao contexto das rápidas mudanças climáticas na Antártica. “Assistimos agora a um novo retorno do aquecimento nesta região. A temperatura tinha subido muito desde que há registo, entre 1950 e até ao ano 2000. Depois estabilizou, desceu um pouco, e começámos a ter verões com mais neve porque houve uma mudança da posição das cinturas de vento. Mas, a partir de 2015, voltámos à tendência rápida de aquecimento, pelo que será interessante observar os seus impactos”, destaca Vieira.
Os desafios enfrentados pela equipe serão significativos, com condições meteorológicas adversas e temperaturas extremas a serem esperadas. No entanto, o uso do veleiro oferece vantagens únicas, permitindo acesso a áreas remotas de forma menos intrusiva e com menor impacto ambiental do que grandes navios oceanográficos. Esta abordagem eco-friendly é uma das características mais destacadas do projeto, que busca minimizar sua pegada ecológica enquanto maximiza os resultados científicos.
Além dos aspetos científicos, a expedição também terá um componente de divulgação pública, com uma realizadora a bordo para documentar a jornada e produzir um documentário que mostrará os bastidores da pesquisa antártica. Esta iniciativa visa aproximar o público da ciência e aumentar a conscientização sobre a importância da preservação do ecossistema antártico.
Uma vez concluída, a expedição promete contribuir significativamente para o entendimento global das mudanças climáticas e suas implicações. Todas as amostras coletadas serão enviadas para laboratórios na Espanha para análise detalhada, e os resultados serão apresentados em conferências internacionais e compartilhados com o público através de diversos canais de divulgação.
Apesar dos desafios financeiros e logísticos, os organizadores estão otimistas quanto ao futuro do projeto. Espera-se que iniciativas como o “COASTANTAR” possam servir como modelo para futuras pesquisas antárticas, possibilitando uma maior rotação de equipes e uma presença mais contínua na região. Com o apoio de instituições e colaboradores, Portugal se destaca como um participante ativo no esforço global de pesquisa e preservação do continente antártico.
