Os preços do café atingiram níveis históricos no início de 2025, impulsionados pela diminuição da produção no Brasil e pela incerteza gerada pelas novas políticas comerciais dos Estados Unidos. A Organização Mundial do Café (ICO) revelou que o seu índice de preços composto alcançou 310,12 cêntimos de dólar (298,77 cêntimos de euro) por libra em janeiro, um aumento de 3,5% em relação ao mês anterior e um salto impressionante de 75,8% face a janeiro de 2024. Este valor representa um novo recorde histórico, o maior desde abril de 1977.
A principal origem do aumento de preços está diretamente ligada à redução da produção de café no Brasil, maior produtor e exportador mundial. Em janeiro, as variedades locais de arábica e robusta registaram aumentos de 15,2% e 6,2%, respetivamente, refletindo a escassez no maior mercado de exportação global. A tendência de alta continuou em fevereiro, com o índice de preços composto a atingir 375,34 cêntimos de dólar por libra até o dia 13.
O Brasil, que espera uma colheita de 51,8 milhões de sacas de café este ano, enfrenta uma queda de 4,4% na produção em relação ao ano passado. Este declínio, estimado em 600 mil sacas, contribui para a pressão crescente nos preços internacionais.
Além disso, as medidas comerciais do novo governo dos Estados Unidos estão a gerar incertezas no mercado global, uma vez que podem afetar os principais fornecedores de café, incluindo Brasil, Índia e Indonésia. As exportações globais de grãos de café verde caíram 10,5% em dezembro de 2024 em comparação com o ano anterior, somando 9,73 milhões de sacas. O Brasil registou uma queda significativa nas exportações, com os envios de café natural a diminuir 11,3%, e os de robusta a cair 19%.
No panorama regional, as exportações da América do Sul diminuíram 2,1% em dezembro, enquanto as da Ásia e Oceânia registaram uma queda acentuada de 31,2%. Em contraste, as exportações de café de África cresceram 8% e as do México e América Central aumentaram 0,9%.
Em termos de preços, a variedade de café suave colombiano e outros cafés suaves subiram 3,2% em janeiro, enquanto o robusta aumentou 3,6%, refletindo a escassez global e as pressões no mercado. O impacto da redução da produção no Brasil, aliado às incertezas políticas e comerciais, coloca o setor do café num momento decisivo, com os preços a subir para níveis inéditos.