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Stiglitz acusa Europa de “desistir” perante Trump e alerta para o colapso económico e democrático dos EUA

Stiglitz acusa Europa de abdicar da soberania ao recusar negociar com Trump
Prémio Nobel da Economia denuncia políticas de Trump como “desastre” económico e alerta para retrocesso democrático nos Estados Unidos

O economista norte-americano Joseph E. Stiglitz, Prémio Nobel da Economia, criticou duramente as políticas comerciais do ex-presidente Donald Trump e lamentou que a Europa tenha “desistido” de negociar com os Estados Unidos. Para Stiglitz, essa postura representa uma “cedência grave” que compromete a soberania europeia.

“As taxas aduaneiras impostas por Trump são um desastre. É realmente importante que a Europa não ceda. Ceder significa abandonar a sua própria soberania”, afirmou o economista numa conferência de imprensa antes de receber o título de doutor honoris causa pela Universidade Internacional Menéndez Pelayo (UIMP), numa cerimónia que decorreu no Palácio da Magdalena, em Santander.

Stiglitz sublinhou que as políticas implementadas por Trump desde a sua chegada à presidência, em 2017, significaram uma rutura radical com a tradição económica dos EUA, marcando uma “reviravolta de 180 graus”. Entre as medidas que mais critica estão os cortes fiscais dirigidos às classes mais ricas, o desmantelamento dos mecanismos de supervisão institucional e uma postura antiglobalização que, no seu entender, contribuiu para o aumento da instabilidade económica tanto dentro como fora dos Estados Unidos.
“O resultado foi o caos económico, o enfraquecimento do Estado de direito e a erosão dos direitos de propriedade intelectual. A propriedade intelectual, essencial para o funcionamento saudável dos mercados, foi desvalorizada, transformando-se num verdadeiro bazar onde tudo vale”, disse.

O Nobel da Economia alertou também para os efeitos profundos do “trumpismo” sobre a ciência, as universidades e a liberdade de expressão. Denunciou a existência de um ambiente de medo instalado entre os estudantes nos EUA, muitos dos quais receiam hoje ser deportados por expressarem opiniões críticas. Segundo Stiglitz, há jovens que evitam regressar aos seus países durante as férias com receio de serem impedidos de voltar aos Estados Unidos.

“Quem viveu o autoritarismo, como Espanha, sabe bem o que isto significa. Os Estados Unidos nunca viveram uma ditadura, e agora vemos o que pode acontecer se o sistema democrático falhar”, alertou. O economista defendeu que as universidades devem manter-se firmes na defesa dos valores democráticos, mesmo sob pressão.

Durante o seu discurso, Stiglitz aproveitou para elogiar o papel do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, em fóruns internacionais, destacando a sua liderança na recente iniciativa “Democracia para Sempre”, organizada em Nova Iorque com a presença de vários líderes mundiais.

Abordando ainda o conflito no Médio Oriente, o economista classificou a situação na Faixa de Gaza como “um genocídio, tanto a nível humano como académico”. Denunciou as tentativas de silenciar o debate público sobre o tema, especialmente nas universidades, e defendeu o direito à crítica política. Recordou, a esse propósito, as palavras de Pedro Sánchez na Universidade de Columbia, onde o primeiro-ministro espanhol afirmou que “criticar Israel não é antissemitismo”.

Numa intervenção marcada por uma crítica incisiva à atual conjuntura política global, Stiglitz deixou um apelo claro à Europa: “Não abdique da sua autonomia nem dos seus valores democráticos. O preço da cedência é demasiado alto.”

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