A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, alertou esta segunda-feira que as tensões no comércio global podem tornar as previsões sobre a inflação na zona euro “mais incertas”. Durante a sua intervenção na apresentação do relatório anual do BCE, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, Lagarde sublinhou que, apesar da previsão de que a inflação deverá regressar ao objetivo de médio prazo de 2% durante este ano, existem riscos tanto em direção ascendente como descendente.
A líder do BCE explicou que uma possível intensificação das fricções no comércio mundial poderá complicar ainda mais as perspetivas sobre a evolução da inflação na região. No entanto, reforçou a determinação do BCE em garantir a estabilização sustentável dos preços, assegurando que o banco central continuará a trabalhar para atingir a meta dos 2% de inflação, mas sem comprometer o rumo das futuras políticas monetárias.
Em relação à economia, Lagarde manifestou-se optimista quanto à recuperação da economia da zona euro, após um crescimento moderado em 2024. A previsão de uma recuperação em 2025 é sustentada pelo aumento da procura mundial, particularmente no setor das exportações, embora a evolução das políticas comerciais internacionais continue a ser um fator chave. A líder do BCE destacou que um mercado de trabalho robusto e rendimentos mais elevados deverão contribuir para reforçar a confiança dos consumidores, impulsionando o consumo e o investimento, com a acessibilidade ao crédito a desempenhar um papel importante.
Durante o debate, Maria Luís Albuquerque, comissária europeia para os Serviços Financeiros, partilhou a visão de que a União Europeia está a viver uma “era de forte concorrência geoestratégica”, o que torna mais urgente a melhoria da competitividade e produtividade da região. A comissária defendeu a necessidade de uma ação urgente para simplificar o mercado único, promover empregos de qualidade e coordenar melhor as políticas e o financiamento, para garantir um crescimento económico robusto e sustentável.
Ambas as responsáveis indicaram a expectativa de que a inflação retorne aos 2% durante este ano, com uma recuperação económica impulsionada pelo consumo privado e um aumento do investimento, embora este último ainda enfrente desafios devido à competitividade estruturais que afetam o crescimento da economia europeia.