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Timor-Leste demora a arrancar

A oito de Setembro de 1999, às 13h00, o país parou. Todas as rádios e televisões portuguesas passavam a canção “Ai, Timor”, cantada pelo «Trovante», em uníssono, numa manifestação de solidariedade nunca vista. Da Avenida da República, em Lisboa, à Praça dos Aliados, no Porto, os automobilistas abriram o som dos autorrádios, sintonizados em qualquer estação e deram as mãos a estranhos, enquanto nove milhões de pessoas cantavam a uma só voz.

Era mais um esforço de Portugal para mostrar ao mundo a importância da desocupação de Timor-Leste, meia ilha do outro lado do mundo, por parte da feroz e inclemente Indonésia. As imagens correram mundo, abriram telejornais e arrepiaram um planeta que, até ao massacre num cemitério em Dili, nada sabia sobre essa terra estranha. Jorge Sampaio, Ramalho Eanes, Ana Gomes, António Guterres e o «Trovante» foram os grandes combatentes por uma terra livre – o que aconteceu, finalmente, em 2002, com uma máquina diplomática oleada.

Timor‑Leste cresceu entre 3,9 por cento e 4,1 por cento em dois mil e vinte e cinco, contudo continua vulnerável à instabilidade do sector petrolífero.

A restauração da soberania em vinte de Maio de dois mil e dois lançou o país num estado de reconstrução total. Na época, havia apenas dezanove médicos, a esperança de vida era inferior a sessenta anos e faltavam serviços básicos em vastas zonas rurais. O Estado, apoiado por agências internacionais, reconstruiu infra‑estruturas e formou recursos humanos. Contudo, o progresso manteve‑se lento e desigual.

Desde dois mil e cinco, o Fundo Petrolífero apoiou obras públicas, mas a economia regional não se diversificou. Em dois mil e vinte e quatro e vinte e cinco, o Banco Mundial antevê crescimento médio de 4,1 por cento. O Banco Asiático prevê ritmo semelhante, cerca de três vírgula nove por cento até dois mil e vinte e seis.

Educação cada vez melhor

A inflação manteve‑se num patamar moderado, graças à estabilidade de preços e à contenção dos gastos públicos. Por conseguinte, melhorou o acesso à educação, saúde e energia, embora grandes desigualdades persistam entre zonas urbanas e rurais.

Cerca de 37,4 por cento da população vive abaixo da linha internacional de pobreza. Na infância, quase metade das crianças com menos de quatorze anos enfrenta pobreza extrema. O desemprego é particularmente agudo entre jovens, levando muitos a emigrar em busca de emprego.

Portugueses: entre 1000 e 1500 no território

Actualmente, estima‑se que residam em Timor‑Leste entre mil e mil e quinhentos cidadãos portugueses, incluindo quadros diplomáticos, professores, técnicos especializados e empresários. A maior concentração encontra‑se em Díli, onde actua uma comunidade activa nos sectores da educação, justiça e cooperação internacional. Muitos foram integrados ao abrigo de programas bilaterais, nomeadamente através do Instituto Camões e da Cooperação Portuguesa.

Os professores enviados por Portugal desempenham um papel central no ensino da língua portuguesa, que continua a ser língua oficial do Estado timorense. Além disso, existe um número crescente de pequenas e médias empresas portuguesas a operar em áreas como construção civil, energia e serviços de consultoria. Apesar das distâncias e das dificuldades logísticas, os portugueses estabelecidos em Timor‑Leste relatam, em geral, uma boa integração, com reconhecimento social do seu contributo para o desenvolvimento do país. Esta presença portuguesa representa não apenas um elo cultural e histórico, mas também um vector económico e diplomático que fortalece as relações bilaterais.

Timor‑Leste regista crescimento moderado e melhoria dos indicadores sociais, mas continua dependente do petróleo e vulnerável a choques externos. O reforço da cooperação com Portugal, aliado a investimentos em educação e diversificação económica, é decisivo para assegurar um desenvolvimento inclusivo e sustentável.

Aposta na agricultura

O agronegócio continua a ser o principal empregador. No entanto, a produtividade mantém‑se baixa, sendo necessário modernizá-lo. O país retira a maior parte das receitas do Fundo Petrolífero, o que o expõe à flutuação dos preços internacionais. A exploração do gás Greater Sunrise está parada. O Presidente José Ramos‑Horta defende parceria com a Austrália e operadores como a Woodside, rejeitando contrapartidas chinesas.

A14 de Outubro de 2024, foi assinado o Programa Estratégico de Cooperação Portugal‑Timor‑Leste, para o período dois mil e vinte e quatro a dois mil e vinte e oito, no valor de setenta e cinco milhões de euros. O acordo centra‑se em cinco áreas: desenvolvimento humano, justiça, administração pública, juventude e infra‑estruturas. O primeiro‑ministro timorense afirmou que educação e justiça permanecem como prioritárias. Portugal compromete‑se a reforçar o ensino de língua portuguesa em Díli e a modernizar infra‑estruturas, apoiando a consolidação do Estado e o crescimento económico.

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