Os trabalhadores da Menzies Portugal, antiga Groundforce, vão manter a greve marcada para o período entre 22 e 26 de dezembro, após uma reunião sem sucesso com a direção da empresa. O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA) anunciou que a paralisação prosseguirá, uma vez que a empresa não apresentou qualquer resposta satisfatória às reivindicações dos trabalhadores.
Em declarações à Lusa, Carlos Oliveira, da direção do SIMA, explicou que a reunião, convocada com a empresa na véspera, teve como tema uma série de questões, mas que, na prática, os representantes dos trabalhadores não puderam abordar os problemas centrais relacionados com a greve. “Foi uma reunião em que era proibido falar de greve. Quando levantámos a questão, disseram-nos que este encontro não estava agendado para tratar desse tema”, contou Oliveira, sublinhando a frustração dos trabalhadores perante a postura da empresa.
O SIMA expressou ainda o seu desagrado face à atitude da Menzies, afirmando em comunicado que, na ausência de respostas e de qualquer flexibilidade da parte da gestão, se vê obrigado a manter a greve de duas horas durante as entradas e saídas dos turnos, entre a meia-noite do dia 22 e as 24:00 de 26 de dezembro. Esta decisão surge como uma resposta à falta de ação da empresa perante problemas laborais graves que afetam os trabalhadores.
Entre as principais reivindicações está a disparidade nos vencimentos, com muitos trabalhadores a receberem salários abaixo do valor do salário mínimo nacional (SMN), que será de 820 euros em 2024. A empresa também está em incumprimento quanto ao pagamento das horas noturnas, que, de acordo com o acordo de empresa, deveriam ter um valor superior, e pretende impor o pagamento de parque de estacionamento aos trabalhadores, uma medida que gerou grande controvérsia.
O sindicato recorreu à via judicial para contestar estas práticas. Carlos Oliveira revelou que, além da greve, já foi avançada uma providência cautelar para impedir que a empresa obrigue os trabalhadores a pagar estacionamento, e que também está em andamento uma ação em tribunal relacionada com o não pagamento das horas noturnas. Além disso, uma nova ação será movida relativamente às tabelas salariais, visando carreiras cujo salário base é inferior ao SMN.
O dirigente sindical lamentou ainda a falta de compromisso da empresa para resolver os problemas, destacando que a greve ocorre num momento crítico, com o aumento do fluxo de passageiros nos aeroportos. A situação tem gerado preocupações nas companhias aéreas, que têm questionado sobre o impacto da paralisação nas operações de voo.
A greve, que se estende durante a época natalícia, promete afetar o funcionamento dos aeroportos e o transporte aéreo em geral, sendo um reflexo das tensões laborais entre a Menzies e os seus trabalhadores.