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Trump culpa Kiev pela invasão e defende cessar-fogo com concessão territorial à Rússia

Na última terça-feira, em uma série de declarações feitas na residência oficial de Mar-a-Lago, na Flórida, o ex-presidente Donald Trump afirmou que poderia ter encerrado a guerra na Ucrânia se, no lugar de Kiev, estivesse à frente da negociação com Moscou. Segundo Trump, um acordo que implicasse a cessão de parte do território ucraniano teria sido suficiente para estabelecer um cessar-fogo definitivo

Um cenário de acusações e propostas

Durante a coletiva de imprensa, Trump criticou duramente o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, responsabilizando-o pelo prolongamento do conflito. “Vocês deveriam ter acabado com essa guerra após três anos. Vocês nunca deveriam ter começado essa guerra”, afirmou, ecoando argumentos que já circulam entre os líderes russos, que frequentemente acusam Kiev de alimentar tensões na região.

Além disso, o ex-presidente não poupou críticas ao modelo de liderança ucraniana, chegando a rotular Zelensky de “ditador sem eleições”. Em seu discurso, Trump destacou que, sob sua gestão, os Estados Unidos teriam adotado uma postura mais firme e pragmática, negociando diretamente com a Rússia para pôr fim ao conflito. Segundo ele, o fato de os representantes americanos estarem atualmente envolvidos em diálogos com russos – realizados na Arábia Saudita – evidenciava a possibilidade de uma resolução rápida, caso as condições tivessem sido diferentes.

A questão dos gastos e a ajuda internacional

Em sua rede social Truth Social, Trump reiterou críticas à atual administração de Joe Biden, afirmando que o presidente ucraniano “convenceu” os Estados Unidos a gastar cerca de US$ 350 bilhões em uma guerra que, segundo ele, jamais teria começado se as negociações tivessem sido conduzidas de forma diferente. O ex-presidente também ressaltou que os EUA teriam investido US$ 200 bilhões a mais do que os países europeus em auxílio à Ucrânia e sugeriu que o governo americano deveria receber garantias – na forma de recursos naturais, no valor de US$ 500 bilhões – como compensação pelos altos custos envolvidos.

Entretanto, dados de think tanks como o Instituto Kiel para a Economia Mundial e o Conselho sobre Relações Exteriores (CFR) apontam para uma realidade distinta. Enquanto o Instituto Kiel destaca que países europeus enviaram cerca de 132,3 bilhões de euros em ajuda militar, humanitária e financeira à Ucrânia, os EUA teriam encaminhado aproximadamente 114,2 bilhões de euros. Já o CFR registra que os Estados Unidos disponibilizaram cerca de US$ 106 bilhões diretamente ao governo ucraniano, com um total de US$ 175 bilhões aprovados pelo Congresso para operações relacionadas ao conflito.

A posição de Kiev e os desdobramentos diplomáticos

Em contrapartida às declarações de Trump, Volodymyr Zelensky tem defendido a integridade territorial da Ucrânia com base nas fronteiras de 1991, mesmo diante de pressões e desafios militares crescentes. Em entrevista à rede ARD, o presidente ucraniano criticou o que chamou de tentativa dos EUA de “agradar” a Rússia, sugerindo que a ausência de representantes de Kiev nas recentes negociações – como a reunião na Arábia Saudita – poderia comprometer a busca por uma solução justa e duradoura.

Enquanto Trump insiste que a guerra poderia ter sido evitada com um acordo diferente, a comunidade internacional, sobretudo os países europeus, reafirma o compromisso com a soberania ucraniana. A reunião entre representantes americanos e russos, realizada na Arábia Saudita, marcou uma tentativa de retomar o diálogo, ainda que sem a participação direta de Kiev, o que, segundo alguns analistas, pode complicar as perspectivas de um acordo de paz que contemple os interesses de todas as partes envolvidas.

Perspectivas para o futuro

O episódio evidencia as profundas divergências sobre os caminhos para o fim do conflito na Ucrânia. Enquanto Trump aponta para uma solução negociada com concessões territoriais, as lideranças ucranianas e seus aliados insistem na manutenção da integridade nacional como condição sine qua non para qualquer acordo. Com as negociações ainda em curso e a possibilidade de novos encontros – inclusive uma eventual reunião entre Trump e Putin, anunciada para ocorrer “antes do fim do mês” – o cenário permanece incerto e repleto de desafios.

O desenrolar dos diálogos e a capacidade dos líderes de conciliar interesses tão divergentes serão determinantes para definir se o conflito poderá, de fato, encontrar um caminho para o encerramento ou se novas tensões e críticas continuarão a marcar as relações entre Estados Unidos, Rússia e Ucrânia.

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