Donald Trump e Vladimir Putin, presidentes dos Estados Unidos da América e da Rússia, encontrar-se-ão na próxima Sexta-feira, dia quinze de Agosto, no Alasca, para discutir um possível acordo de paz na Ucrânia. O encontro surge após meses de pressão diplomática norte-americana para pôr fim ao conflito.
O anúncio foi feito pelo próprio Trump através das redes sociais, confirmando que «a muito esperada reunião entre mim, como Presidente dos Estados Unidos da América, e o Presidente Vladimir Putin, da Rússia, terá lugar na próxima Sexta-feira, quinze de Agosto de dois mil e vinte e cinco, no Grande Estado do Alasca». A Casa Branca indicou posteriormente que estuda convidar o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky para participar nas conversações.
Proposta russa envolve cedência territorial
As negociações centrar-se-ão numa proposta apresentada por Putin ao enviado especial de Trump, Steve Witkoff, durante uma reunião em Moscovo na Quarta-feira. O plano exigiria que a Ucrânia cedesse a região oriental de Donbass — da qual a maioria está actualmente ocupada pela Rússia — bem como a Crimeia, que a Rússia anexou ilegalmente em dois mil e catorze.
Trump já indicou que qualquer acordo de paz poderá envolver «alguma troca» de território, uma perspectiva controversa. A administração norte-americana considera que chegou o momento de explorar uma solução negociada para o conflito que se prolonga há mais de três anos.
O presidente ucraniano reagiu categoricamente à possibilidade de concessões territoriais. Zelensky afirmou num discurso em vídeo que a Ucrânia está «pronta para trabalhar em conjunto com o Presidente Trump», mas rejeitou liminarmente qualquer ideia de concessões territoriais. O chefe de gabinete presidencial ucraniano, Andriy Yermak, reiterou que «um cessar-fogo é necessário – mas a linha da frente não é uma fronteira».
Escolha do Alasca tem simbolismo histórico
A selecção do Alasca como local de encontro não é casual. Putin nem qualquer líder russo em exercício visitaram alguma vez o Alasca, que fez parte do Império Russo antes de ser vendido aos Estados Unidos em mil oitocentos e sessenta e sete. Analistas interpretam esta escolha como uma mensagem simbólica de Trump sobre negociações territoriais.
O local escolhido, vendido pela Rússia aos Estados Unidos há cento e cinquenta e oito anos por sete vírgula dois milhões de dólares, será onde Putin tentará vender o que alguns consideram «o negócio territorial do século», procurando que Kiev entregue territórios que ainda não conseguiu ocupar totalmente.
Europa pressiona por inclusão de Kiev
Os líderes europeus manifestaram preocupação com a exclusão inicial da Ucrânia das conversações. Responsáveis ucranianos e europeus reuniram-se com o vice-presidente JD Vance para coordenar uma resposta à proposta russa. A União Europeia reafirmou o seu compromisso de apoio incondicional à integridade territorial ucraniana.
Vance descreveu o encontro como «um grande avanço para a diplomacia americana», afirmando que vão «tentar encontrar algum acordo negociado». Contudo, especialistas alertam para os riscos de uma negociação que possa legitimar conquistas territoriais obtidas pela força.
Precedentes históricos das relações EUA-Rússia
Nos últimos cinquenta anos, os Estados Unidos mediaram vários conflitos envolvendo a Rússia e a antiga União Soviética, com resultados mistos. Durante a Guerra Fria, as cimeiras entre Ronald Reagan e Mikhail Gorbachev contribuíram para o desarmamento nuclear. Mais recentemente, as tentativas de mediação na Geórgia em dois mil e oito e na própria Ucrânia desde dois mil e catorze tiveram sucesso limitado.
A administração Trump enfrenta o desafio de equilibrar a pressão para acabar com um conflito custoso com a necessidade de não recompensar a agressão russa. O presidente enfrenta armadilhas ao sentar-se com Putin, que é bem versado nas questões territoriais em causa, mas também goza de vantagem económica e militar.
Riscos e oportunidades da cimeira
Para os Estados Unidos, um acordo bem-sucedido poderia representar uma vitória diplomática significativa e o cumprimento da promessa de campanha de Trump de acabar rapidamente com o conflito. Contudo, um acordo que legitimize conquistas territoriais russas poderia criar um precedente perigoso para outras regiões do mundo.
Para a Rússia, o reconhecimento internacional das suas conquistas territoriais representaria uma vitória estratégica maior. Putin procura consolidar os ganhos militares mediante uma legitimação diplomática que lhe permitiria apresentar a operação militar como um sucesso doméstico.
Os maiores riscos recaem sobre a Ucrânia, que poderia ver-se forçada a aceitar a perda permanente de territórios significativos em troca de um cessar-fogo que não garante segurança futura. A comunidade internacional observa com atenção se o princípio da inviolabilidade das fronteiras será preservado.
O encontro de Sexta-feira no Alasca representa assim um momento crucial não apenas para o futuro da Ucrânia, mas para a ordem internacional estabelecida após a Segunda Guerra Mundial.