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UE Reforça Aposta na IA com Seis Novas Fábricas. Portugal de fora

A Comissão Europeia anunciou esta sexta-feira a selecção de seis novos países para acolherem fábricas de Inteligência Artificial (IA), num investimento que ultrapassa os 500 milhões de euros. A Espanha, a Polónia, a Roménia, a Lituânia, a Chéquia e os Países Baixos foram os Estados-membros escolhidos para instalar estas novas e estratégicas infra-estruturas. Esta decisão eleva para dezanove o número total de centros de supercomputação dedicados à IA, distribuídos por dezasseis nações da União.

A iniciativa, gerida pela Empresa Comum Europeia para a Computação de Alto Desempenho (EuroHPC), representa um passo de gigante no esforço comunitário para alcançar a soberania digital. O objectivo central é dotar o continente de capacidade própria para desenvolver, testar e aplicar modelos de IA avançados. Assim, a Europa procura reduzir a sua dependência de tecnologias provenientes de outras potências globais, como os Estados Unidos e a China.

Este novo investimento procura, de igual modo, corrigir um desequilíbrio geográfico que se verificava. Com efeito, quatro das novas instalações localizar-se-ão em nações do antigo Bloco de Leste, democratizando o acesso à tecnologia de vanguarda. Até à data, apenas três dos treze projectos anunciados se situavam nesta região da Europa.

Uma aposta estratégica na Saúde e na inovação

Um dos projectos de maior vulto nascerá na Galiza, em Espanha, e representa um investimento de 82 milhões de euros. O Centro de Supercomputación de Galicia (CESGA) acolherá a fábrica 1HealthAI, uma unidade que será especializada na aplicação da IA à investigação em saúde e biotecnologia. «É um marco histórico, um projecto emblemático que nos coloca na elite europeia nesta área», declarou Román Rodríguez, conselheiro regional da Educação.

O financiamento para o centro galego será partilhado, com cerca de metade a provir directamente de fundos comunitários. O Estado espanhol contribuirá com 24 milhões de euros, enquanto o governo autónomo da Galiza injectará os restantes 17 milhões de euros no projecto. Deste modo, a partilha de custos evidencia o compromisso das várias esferas de poder com a inovação tecnológica.

Cada uma das novas fábricas terá uma vocação específica, adaptada às necessidades e aos pontos fortes de cada nação anfitriã. Na Lituânia, por exemplo, a prioridade será a cibersegurança e a saúde digital. Por seu turno, a Chéquia focará os seus esforços na ligação ao supercomputador KarolAIna e no desenvolvimento de competências práticas para a indústria.

Democratizar o acesso e impulsionar as PMEs

O objectivo primordial desta crescente rede é universalizar o acesso à supercomputação de ponta. Pretende-se que pequenas e médias empresas (PMEs), startups e a comunidade científica possam utilizar estas infra-estruturas sem os custos proibitivos que lhes estão associados. As fábricas funcionarão como um ponto de contacto único a nível nacional, providenciando apoio técnico especializado.

Nos Países Baixos, a meta é acelerar a transição da investigação teórica para a sua aplicação prática em larga escala, criando uma ponte eficaz entre a academia e o mercado. Já a Polónia e a Roménia concentrar-se-ão no apoio directo ao seu tecido empresarial e à modernização da administração pública. Portanto, a rede cobre um vasto e complementar leque de aplicações estratégicas.

A expansão da rede de fábricas de IA é um dos pilares da estratégia digital europeia. Esta acção enquadra-se no contexto mais vasto do European Chips Act, o regulamento que visa fortalecer o ecossistema europeu de semicondutores. Com estas ferramentas, a União espera capacitar os seus talentos para competir globalmente.

Portugal ausente da lista, mas com projecto em Sines na forja

Portugal, contudo, não figura nesta recente lista de contemplados com uma fábrica de IA. Mantém-se, no entanto, activa a candidatura do Banco do Fomento para a instalação de uma “Gigafábrica” de IA em Sines. Este projecto, que conta com o apoio estratégico da gigante tecnológica norte-americana Nvidia, aguarda ainda uma decisão final por parte das instâncias europeias.

Se vier a ser aprovada, a unidade de Sines poderá gerar receitas estimadas em 1,6 mil milhões de euros até ao final da década. A Comissão e o Conselho Europeu preparam actualmente alterações ao regulamento da EuroHPC para permitir a construção de até cinco destas “Gigafábricas”. Estas unidades terão uma capacidade de processamento até quatro vezes superior à das actuais fábricas de IA.

A União Europeia já comprometeu mais de 2,6 mil milhões de euros nesta ambiciosa iniciativa de soberania tecnológica. Este facto demonstra a firme determinação de Bruxelas em se afirmar como um actor de primeiro plano na corrida global pela Inteligência Artificial. A aposta é clara: garantir que o futuro digital do continente seja moldado dentro das suas próprias fronteiras e com os seus próprios valores.

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