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UE revela estratégia “Apply AI” de mil milhões de euros para impulsionar IA em 11 sectores

A Comissão Europeia lançou a Apply AI, um plano de €1 000 000 000 destinado a expandir o uso da inteligência artificial em onze sectores-chave, com o objectivo de reforçar a soberania tecnológica e modernizar a economia do continente.

Contexto e objectivos

A estratégia pretende aumentar a taxa de utilização de IA nas empresas europeias de cerca de 13 por cento para 75 por cento até 2030. A vice-presidente da Comissão para a Soberania Tecnológica, Henna Virkkunen, sublinhou que apenas 13 por cento das empresas europeias usam IA — número que desce para uma em cada dez no caso das pequenas e médias empresas —, muito abaixo das taxas norte-americanas.

A presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, explicou o espírito da iniciativa: «Sempre que uma empresa ou serviço público enfrenta um novo desafio, a primeira pergunta deve ser: como pode a IA ajudar?».

Sectores e medidas previstas

A Apply AI abrange onze sectores considerados estratégicos: saúde, farmacêutica, energia, mobilidade, indústria, construção, agroalimentar, defesa, comunicações, cultura e robótica. Para cada um, Bruxelas definiu medidas específicas — desde centros de rastreio médico com IA até lojas de aplicações agrícolas, destinadas a ajudar os produtores a adoptar soluções inteligentes.

A estratégia integra ainda uma “Iniciativa IA de Fronteira”, que reunirá empresas e investigadores para desenvolver modelos abertos de IA, com acesso gratuito aos supercomputadores da União. No domínio da defesa, será permitida a utilização das capacidades computacionais europeias para treinar modelos militares.

Bruxelas introduziu igualmente o princípio “Comprar Europeu primeiro”, incentivando as entidades públicas a darem prioridade às soluções tecnológicas produzidas na Europa. Contudo, o documento não especifica os mecanismos de controlo ou fiscalização.

Financiamento e controvérsias

Os 1 000 000 000 € serão canalizados através dos programas Horizonte Europa e Digital Europe, esperando-se que os Estados-membros e o sector privado reforcem o montante com fundos equivalentes. Contudo, subsistem dúvidas quanto à execução prática.

Em Fevereiro, von der Leyen prometera um investimento de 200 000 000 000 € para a IA europeia. Até agora, apenas as AI Gigafactories — centros de treino de modelos de IA — representam cerca de 10 por cento desse valor. O presidente do Fórum Europeu de IA, Daniel Abbou, comentou: «Muito do que o plano contém é correcto e necessário, mas falta explicar como será implementado». Um porta-voz da Comissão não conseguiu esclarecer o destino dos restantes fundos prometidos.

Governação e monitorização

Para acompanhar o progresso, a Comissão criará um Observatório de IA e transformará a actual Aliança de IA na “Aliança Apply AI”, reunindo indústria, sector público, academia e sociedade civil. Contudo, ainda não foi definida a estrutura concreta nem o modo de funcionamento do observatório.

O investidor Emmet King, do fundo J12, elogiou a abordagem proactiva da Comissão, mas alertou: «O problema da Europa nunca foi falta de planos — foi a execução». Para o empresário, alcançar uma verdadeira “soberania digital” dependerá da capacidade de canalizar poupanças europeias para a inovação tecnológica.

Metas e riscos associados

A meta de 75 por cento de adopção empresarial de IA até 2030 pretende garantir que a tecnologia seja incorporada nos processos nucleares e não apenas em tarefas secundárias. A directora do Gabinete de IA da Comissão, Lucilla Sioli, resumiu: «Não se trata de ter o ChatGPT em cima da secretária — trata-se de transformar o coração da produção europeia».

O documento reconhece que a Europa continua dependente de hardware produzido fora do continente, o que representa um risco estratégico. Ainda assim, incentiva as empresas a avançarem com a adopção tecnológica enquanto o bloco desenvolve soluções próprias.

Desafios e enquadramento

A Apply AI surge integrada no Plano de Acção Continente IA, que mobilizará 200 000 000 000 € para projectos de investigação, fábricas de dados e gigafactories dedicadas à produção de modelos avançados. Cerca de treze centros de dados especializados foram já seleccionados para apoiar start-ups, universidades e indústria.

Estima-se que 20 000 000 000 € sejam destinados à construção de até cinco fábricas de grande escala, enquanto 150 000 000 000 € deverão provir de investimento privado. O enquadramento jurídico é assegurado pelo Regulamento Europeu de Inteligência Artificial, em vigor desde Agosto de 2024, que define obrigações graduais para diferentes níveis de risco.

A Apply AI representa um passo decisivo na tentativa europeia de alcançar autonomia tecnológica e reduzir dependências externas. Todavia, o êxito do plano dependerá da clareza dos mecanismos de financiamento, da coordenação entre Estados e da capacidade de execução da própria Comissão.

O futuro da IA europeia joga-se agora entre a ambição e a concretização.

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