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Uma Câmara em Silêncio e Um Presidente que se Esconde

Em Castelo Branco, assiste-se a um preocupante silêncio por parte de quem mais devia falar: o Presidente da Câmara Municipal, Leopoldo Rodrigues. O seu estilo de governação é fechado, arrogante e opaco, quase autoritário. Não ouve a oposição, não esclarece os cidadãos, não dá cavaco a ninguém. E quando confrontado, refugia-se na legalidade como escudo para a ausência de transparência. Mas o que é legal nem sempre é legítimo. E a democracia exige mais do que o mínimo da lei
 
O mais recente episódio revela bem este padrão: a compra de uma vivenda senhorial na Avenida Nuno Álvares, ao lado do liceu, por mais de 600 mil euros. A transação, feita com dinheiro público, não foi votada em reunião de câmara porque ficou abaixo dos 700 mil euros, valor a partir do qual a lei exige aprovação formal. Legal? Sim. Mas politicamente inaceitável.
 
O Presidente não explicou o motivo da compra. Não informou os munícipes. Não respondeu à oposição. Limitou-se a fazer o que quis, como quis, com o silêncio cúmplice de um círculo restrito de assessores. Esta não é uma forma democrática de governar. É uma forma autoritária, que exclui, que desvaloriza o debate e que ignora os direitos dos cidadãos a saberem para onde vai o dinheiro dos seus impostos.
 
Corre nos cafés que o destino da vivenda será um Museu dedicado ao General Ramalho Eanes. Se assim for, é uma ideia meritória — o General Eanes é uma figura maior da história de Portugal e da Beira Baixa. Mas se o projeto é esse, porque não foi anunciado? Porque não foi explicado? Porque foi mantido em segredo? O povo não pode viver de rumores. Merece informação clara, pública e oficial.
 
Mais grave ainda: se há dinheiro para comprar vivendas de luxo, porque não se investe na antiga Casa da Cultura de Castelo Branco? Um espaço com valor histórico e simbólico para toda uma geração de jovens que ali cresceu após o 25 de Abril, envolvida em atividades culturais, educativas e cívicas. Rádio, cinema, arqueologia, jornalismo, fotografia, xadrez — tudo isso se fazia ali. Um verdadeiro centro de formação de cidadãos. E hoje está ao abandono.
 
O Presidente Leopoldo Rodrigues governa como se estivesse acima de todos — dos vereadores, dos eleitores, da cidade. Não consulta, não explica, não discute. Rodeou-se de quatro ou cinco assessores leais, que lhe dizem que sim a tudo, e reduziu a política local a um exercício de obediência. Isto não é liderança. É controlo.
 
É urgente lembrar que as autarquias existem para servir as populações, não os egos dos seus presidentes. Que a democracia local exige prestação de contas, respeito pela oposição e diálogo com os cidadãos. E que quem gere milhões em nome da comunidade tem o dever político e moral — mesmo que não legal — de dizer ao que vem.
 
O problema de Castelo Branco não é apenas a falta de transparência. É a ausência de liderança democrática. E enquanto Leopoldo Rodrigues continuar a confundir poder com silêncio, autoridade com autoritarismo, e legalidade com legitimidade, a cidade perde tempo, energia e confiança.
 
Basta de silêncio. Exige-se clareza. Exige-se respeito. Exige-se política com rosto e com voz.
 
Proteção Jurídica e Responsabilidade
Este texto expressa opinião política legítima, protegida constitucionalmente (CRP art. 37.º e 38.º), com base em factos públicos e comentários realizados sem ofensa pessoal, dentro dos limites do direito à crítica, conforme reconhecido pela jurisprudência portuguesa.
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Fernando Jesus Pires
Fernando Jesus Pireshttps://oregioes.pt/fotojornalista-fernando-pires-jesus/
Jornalista há 35 anos, trabalhou como enviado especial em Macau, República Popular da China, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coréia do Sul e Paralelo 38, Espanha, Andorra, França, Marrocos, Argélia, Sahara e Mauritânia.

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