Venâncio Mondlane, ex-candidato presidencial e líder da oposição em Moçambique, anunciou esta segunda-feira um acordo com o Presidente Daniel Chapo para pôr fim à violência que tem assolado o país, incluindo confrontos com a polícia e membros do partido Frelimo, após as eleições gerais de 9 de outubro. O compromisso foi celebrado após uma reunião entre Mondlane e Chapo, a qual teve lugar no domingo em Maputo, e que visou discutir soluções para os desafios enfrentados pelo país.
De acordo com Mondlane, a violência, particularmente a perpetrada por forças do Estado, como a Unidade de Intervenção Rápida (UIR) e o Serviço de Investigação Criminal (SERNIC), será estancada. Em uma transmissão ao vivo na sua página oficial no Facebook, o ex-candidato afirmou que “a violência infringida contra a UIR, contra o Sernic, contra membros da Frelimo, contra outros que não estão de acordo connosco, também deve cessar”. Ele ainda frisou que a responsabilidade por essa mudança recai tanto sobre o governo quanto sobre a oposição, destacando que ambos devem se empenhar em garantir a paz e a unidade.
Mondlane também abordou a necessidade de oferecer apoio às vítimas dos protestos, que resultaram em numerosos feridos e mortes. O político garantiu que haverá assistência médica gratuita a todos os feridos, incluindo polícias e membros da Frelimo. Além disso, concordou com o Presidente Chapo na criação de um sistema de apoio psicológico para os que sofreram danos devido à violência.
O ex-candidato presidencial foi enfático ao afirmar que “há um compromisso assumido para não se assassinar moçambicanos, sejam da trincheira A ou da trincheira B”, referindo-se às diferentes facções políticas envolvidas no conflito. Ele destacou que a violência entre as partes deve terminar, apelando à reconciliação e à reconstrução da unidade nacional.
No encontro com o Presidente Chapo, foram também discutidas compensações para as famílias das vítimas dos protestos. Mondlane sublinhou que as vítimas de assassinato devem ser reconhecidas, e suas famílias devem ser assistidas socialmente. Ele apontou ainda para a importância da concessão de indultos aos detidos, como uma medida para pacificar a situação e responder aos desejos da população.
A situação de agitação social em Moçambique, que se intensificou após os resultados eleitorais contestados por Mondlane, levou a manifestações e paralisações em várias partes do país. Além da contestação aos resultados, a população também protesta contra o aumento do custo de vida e outros problemas sociais. De acordo com a organização não-governamental moçambicana Plataforma Decide, desde outubro, pelo menos 361 pessoas perderam a vida durante os protestos, incluindo cerca de 20 menores.
O Governo moçambicano confirmou oficialmente a morte de pelo menos 80 pessoas e a destruição de mais de 1.600 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades de saúde, como resultado das manifestações. Embora os protestos tenham diminuído em intensidade, continuam a ocorrer em algumas áreas do país.
Com o acordo agora alcançado, a expectativa é que o clima de violência seja superado, abrindo caminho para um novo processo de reconciliação e estabilidade em Moçambique.