No oitavo dia de campanha, a caravana do Chega rumou a Castelo Branco, para um almoço-comício ao ar livre, debaixo de um sol radiante. No menu, sandes de porco no espeto. André Ventura chegou, este domingo, ao almoço-comício em Castelo Branco de mota, mas ao contrário de Pedro Nuno Santos “apareceu” no lugar do pendura, para afirmar que o partido quer vencer as eleições de dia 18 e conduzir os destinos do país.
Um dia após, o líder do PS ter feito a viagem entre Santo Tirso e Famalicão na sua moto e vestido a rigor com o casaco de motard, luvas e capacete, André Ventura também chegou de mota mas no lugar do pendura, de capacete e blusão adequados para o efeito. Por baixo, camisa e calças de fato. A conduzir a mota, uma Yamaha FJR1300, vinha o cabeça de lista por Castelo Branco, e deputado, João Ribeiro.
O líder do Chega explicou que não poderia ser ele a conduzir porque não tem carta de mota, e quer “cumprir as regras”. Já no que toca aos destinos do país, quer ir ao volante. Aliás, este sábado, em Viseu, deu mostras claras da sua ambição ao declarar: “o sistema tem medo” de uma vitória do Chega, tendo afirmado que seria um governante “autoritário em alguns casos”, prometendo “um governo completamente diferente”.
Na sua forma peculiar de se afirmar, Ventura salienta: “alguns perguntam-se também ‘será que ele vai ser autoritário? Tem pinta de autoritário’… Em alguns casos vou, e também não quero que ninguém vote ao engano, se querem votar em mariquinhas, não votem em mim”, afirmou André Ventura.
“Eu vou ser autoritário também, vou ser autoritário para dizer a esta malta que, tal como acontece já nos melhores países do mundo, em Portugal, quem rouba casas, quem rouba carros, quem ataca mulheres, quem viola, quem mata, quem rouba o Estado, esses todos não vão ter mais a mão branda do regime e do parlamento”, disse.
À sua chegada a Castelo Branco, vários populares interrogavam-se sobre o simbolismo de ter ido ao almoço de mota, recordando que, no sábado, também o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, conduziu uma mota entre duas ações de campanha. André Ventura salientou que é um líder partidário que “cumpre sempre as regras”, enquanto “há outro que se habituou toda a vida a não cumprir”.
E acusando o PS de ter “traído” os condutores e de lhes mentir, alegando que “foi o seu governo que quis aumentar os impostos sobre motas e sobre carros”, referindo-se ao Imposto Único de Circulação (IUC).
“Pedro Nuno Santos teve uma má ideia quando quis aumentar os impostos sobre as motas. E era importante que hoje, por isso é que eu estou assim, para me associar a eles, que eles não se esquecessem que houve um partido que protestou contra o aumento de impostos das motas e dos carros, que protestou contra a burocracia nas motas e houve aqueles que os traíram e que agora querem o seu voto”, defendeu.
Questionado se se inspirou na ideia de Pedro Nuno Santos, André Ventura recusou a ideia de ter “plagiado” Nuno Santos. “No dia em que eu fizesse isso, era o maior corrupto deste país”, afirmou.
No seu discurso, André Ventura voltou a defender o combate à corrupção e voltou a associar o PS e o PSD, considerando que votar em qualquer um destes partidos “é a mesma coisa” e “é de rir”, salientando que só haverá “estabilidade se o Chega vencer as eleições à direita”.
“Se a AD vencer novamente como venceu em março, nós teremos o mesmo regime que tivemos até aqui: instabilidade, corrupção, falta de transparência, queda de governo. Se ganhar o PS, nós vamos ter o mesmo que tivemos nos últimos oito anos: corrupção, falta de transparência, imigração descontrolada”, defendeu.
Por seu turno, João Ribeiro, cabeça de lista por Castelo Branco, garantiu que se for eleito irá fazer “pressão para que o Governo olhe para o interior do país”. Destacou políticas de proximidade, necessidade de reter os jovens no interior, promover cuidados oncológicos e paliativos, assim como, a requalificação do IC8 e abolição das portagens na A23, entre outras iniciativas que forneçam condições “para fixar população”.
Quem também esteve presente e prestar apoio ao Ventura, foi o candidato às autárquicas à Câmara de Idanha-a-Nova, Pedro Rego.


Ciganos em manifestação
Antes de André Ventura chega ao local, alguns elementos da comunidade cigana observavam ao longe o ajuntamento de apoiantes do Chega e um deles, que foi identificado pela polícia, ia gritando “racistas”. Quando apoiantes do Chega interpelaram estas pessoas, alguns dos vários elementos da PSP que estavam no local intervieram, para evitar que os ânimos aquecessem.
Um dos ciganos, José Gomes, disse aos jornalistas que tinha ido ao local por “vontade própria” para “retirar os colegas”, argumentando que estas manifestações beneficiam o líder do Chega e são “o que ele quer”, porque levam a que seja percecionado “como a vítima”.