O Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou um aviso direto ao bloco de economias emergentes que integram a aliança BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irão), ameaçando impor tarifas aduaneiras de 100% caso avancem com planos para minar a supremacia do dólar americano no comércio global
“Exigimos um compromisso claro de que esses países não vão criar uma nova moeda BRICS, nem apoiar qualquer iniciativa que substitua o poderoso dólar americano. Caso contrário, enfrentarão tarifas de 100% e terão de dizer adeus às vendas para a maravilhosa economia dos Estados Unidos”, afirmou Trump numa publicação na Truth Social, a rede social que fundou.
A ameaça surge num contexto de tensões económicas crescentes, com os BRICS a explorarem alternativas ao dólar, alegadamente para reduzir a sua dependência da moeda americana. Trump, que venceu as eleições presidenciais de 5 de novembro, declarou que qualquer tentativa de os BRICS desdolarizarem o comércio mundial será encarada como um ataque direto à economia americana.
Tensões Crescentes no Cenário Global
A declaração de Trump segue-se a críticas recentes de Vladimir Putin, Presidente da Rússia, que acusou os Estados Unidos de utilizarem o dólar como “arma económica” para impor sanções e controlar o comércio global. Numa cimeira realizada em outubro, Putin defendeu a criação de alternativas ao sistema financeiro liderado pelos EUA, incluindo um sistema de pagamentos independente da rede SWIFT, dominada pelo Ocidente.
“Não somos nós que recusamos o uso do dólar. Mas se não nos permitem trabalhar, somos forçados a procurar alternativas”, declarou Putin, sublinhando a necessidade de os BRICS criarem instrumentos financeiros que assegurem a soberania económica dos seus membros.
Escalada de Medidas Protecionistas
As tarifas aduaneiras de 100%, caso sejam implementadas, poderão agravar as já tensas relações comerciais entre os Estados Unidos e os países do BRICS, afetando sectores económicos vitais como a tecnologia, a energia e a agricultura. Especialistas temem que esta estratégia protecionista possa provocar uma guerra económica com repercussões globais, dificultando ainda mais o comércio internacional e a cooperação multilateral.
Trump tem sido um defensor vocal de medidas protecionistas, argumentando que estas protegem a economia e os trabalhadores americanos. Contudo, críticos apontam que esta abordagem pode isolar os Estados Unidos e fomentar a formação de blocos económicos alternativos, enfraquecendo a posição de liderança de Washington no comércio global.
Com os BRICS a expandirem a sua influência e a explorarem alternativas ao dólar, o confronto entre Washington e as economias emergentes parece inevitável, colocando novos desafios à ordem económica mundial.