O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, defendeu esta sexta-feira, em Roma, que a União Europeia (UE) deve abordar a eventual imposição de tarifas pelos Estados Unidos com pragmatismo, sem criar “dramas”. Em declarações à margem de uma visita oficial à Itália, Rangel referiu que, apesar das preocupações, a experiência anterior com as administrações de Donald Trump e Joe Biden mostrou que a UE já enfrentou situações semelhantes, e que, como sempre, será necessário um processo de negociações com Washington.
Questionado sobre as ameaças do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, de voltar a impor tarifas comerciais à UE, reafirmadas recentemente no Fórum Económico Mundial de Davos, Rangel sublinhou que os Estados Unidos, tradicionalmente, adotam uma postura protecionista em relação à sua economia. No entanto, lembrou que a UE já enfrentou este desafio no passado, tanto no primeiro mandato de Trump como durante o governo de Joe Biden. “A política tarifária é competência exclusiva da União Europeia, em particular da Comissão Europeia. Embora estejamos atentos e preocupados, lidamos com isso sem drama, pois já houve negociações complicadas, como a que resultou no ‘Inflation Reduction Act’ do Presidente Biden, que causou grande preocupação e obrigou à negociação com a UE”, afirmou o ministro.
Rangel destacou que, independentemente das administrações, os EUA tendem a proteger a sua economia, mas de formas variadas. “Embora existam diferenças nas políticas, o impacto sobre a UE, um dos seus maiores parceiros comerciais, é sempre significativo”, disse, explicando que a UE já está a estudar várias soluções para lidar com o cenário caso as tarifas se concretizem.
“Não tenho dúvidas de que haverá uma negociação intensa com os Estados Unidos para encontrar soluções que beneficiem ambos os lados e que não prejudiquem apenas um dos parceiros”, frisou, referindo que a experiência anterior com a imposição de tarifas nos mandatos de Trump e Biden evidencia a necessidade de diálogo e compromisso entre os blocos económicos.
Paulo Rangel também se referiu a outra questão levantada por Trump no Fórum de Davos, relacionada com a guerra na Ucrânia. O ex-presidente norte-americano pressionou para que o Presidente russo, Vladimir Putin, iniciasse negociações de paz, ameaçando, em caso de recusa, a imposição de sanções severas a Moscovo. O ministro português sublinhou a importância de qualquer negociação respeitar os princípios do direito internacional, especialmente os fundamentos da Carta das Nações Unidas. “É positivo que haja negociações, mas estas devem garantir um resultado que respeite a soberania dos países e o direito internacional”, concluiu.
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