Em resposta a um artigo de investigação jornalística de ORegiões, que deixou a nu o conflito de interesses existente entre a atividade empresarial de Armindo Jacinto e os seus deveres enquanto autarca e administrador de uma empresa de direito público, veio agora o PS de Idanha-a-Nova, em comunicado divulgado nas redes sociais, tecer juízos e considerações sobre a idoneidade do referido artigo, e do jornalismo praticado neste órgão de comunicação social, tentando com isso distrair a gravidade dos factos trazidos a público. Porém, apesar do seu extenso, prolixo e incoerente argumentário, tal comunicado não conseguiu desmentir nem contrariar os factos noticiados pelo ORegiões.
Factos esses que indiciam que Armindo Jacinto terá utilizado a estrutura e os recursos do Município e da empresa intermunicipal Naturtejo, da qual é presidente do conselho de administração, para divulgar e promover negócios de uma empresa que é detida em partes iguais por si e pela sua esposa, a qual exerce as funções de gerente da sociedade.
E se é verdade que Armindo Jacinto já era empresário antes de ser autarca, a verdade é que alterou recentemente o objeto social da sua empresa, para aproveitar os recursos da autarquia e coloca-los ao serviço da divulgação, promoção e venda dos seus queijos e carne de suíno, com a marca Fonte Insonsa, agora associada à empresa Naturtejo.

Nunca ORegiões pretendeu colocar em causa o bom nome do Município de Idanha-a-Nova, e se esse bom nome algum dia foi posto em causa, certamente não foi pela divulgação de um trabalho jornalístico sério, rigoroso e factual, como aquele que revela os negócios à sombra do poder que Armindo Jacinto favorece, com recursos públicos, sejam eles humanos, logísticos e mesmo financeiros.

O texto agora publicado, assumido como defesa pública de Armindo Jacinto e de António Galante, como se os dois fossem verdadeiros parceiros de negócio, procura desmentir os factos. No entanto, nem Armindo Jacinto nem António Galante enviaram qualquer contraditório formal ao jornal ORegiões, ou sequer pretenderem exercer o direito de resposta que lhes assiste, e que ORegiões lhes não negaria, caso efetivamente fosse seu interesse esclarecer a verdade, contrariar ou negar os factos. Porém, os factos noticiados pelo ORegiões são indesmentíveis e não são passíveis de ser negados, nem por Armindo Jacinto, nem por António Galante.

E se é verdade que a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova não adquire diretamente produtos à empresa de Armindo Jacinto, ORegiões sabe que, por interposta empresa, essa situação já ocorreu diversas vezes.
Além disso, a existência de contratos entre o Município de Idanha-a-Nova e empresas próximas do universo da empresa de Armindo Jacinto, embora realizadas por concurso público, não elimina as suspeitas quanto à transparência e à ética na gestão dos dinheiros públicos. Isto porque a Socomebio Lda é fornecedora da autarquia, e ao mesmo tempo é cliente da empresa de Armindo Jacinto, sendo que, pelo meio, existe todo um universo de outras empresas e empresários, os quais são, simultaneamente, entre si, direta ou indiretamente, fornecedores da autarquia e clientes da empresa de Armindo Jacinto.
Mas se verdadeiramente subsistirem dúvidas quanto à veracidade dos factos noticiados pelo ORegiões, a lei faculta aos visados na referida investigação jornalística os meios legais para, junto dos tribunais competentes, procurarem repor aquela que dizem ser a verdade.
Quanto ao mais, caso o Ministério Público ou a Polícia Judiciária entendam que existe fundamento para tal, caberá à justiça apurar responsabilidades criminais. Este não é, nem nunca foi, um tema político. É, acima de tudo, um assunto de legalidade e de justiça.
“ORegiões diz. E tu, acreditas?”