Em Castelo Branco, a política tem-se transformada numa festa privada, onde as mesas estão sempre reservadas para os mesmos e os bilhetes para os grandes eventos são limitados a quem tem a chave do clube. O espetáculo mais recente, intitulado Candlelight Spring – O Melhor de ABBA.

A desgovernação tem sido uma constante e, na presidência de Leopoldo Rodrigues, parece que a única coisa que cresce são os egos e os bilhetes para eventos, mas não confunde a cultura com a política. A última prova disso foi o evento Candlelight Spring – O Melhor de ABBA, considerando 500 bilhetes distribuidos gratuitamente só para amigos.
A ironia, claro, é que, enquanto o município se afunda cada vez mais nas areias movediças da desgovernação, na página do Facebook da Câmara Municipal surge com a alegria da grande notícia: “Informamos que o concerto Candlelight Spring – O Melhor de ABBA está esgotado” . O que mais se parece com uma informação da promotora de eventos do Municipio de castelo Branco ao evento Candlelight Spring para as elites amigos do Presidente.
Esta festa para amigos é um reflexo claro do que aconteceu em Castelo Branco. Desde que Leopoldo Rodrigues assumiu o cargo de presidente, a cidade tem assistido a uma série de decisões desconexas e favorecidas feitas à medida de um círculo restrito de pessoas. A política, que deveria ser um serviço público, tornou-se um evento privado para os mesmos de sempre, onde os bilhetes são escassos e a transparência, esse luxo, ficou em falta. A cada festa organizada, o povo assiste de longe, com um ar perplexo, como se estivesse a ver uma peça de teatro sem ser convidado.
É verdade que o nome ABBA remete para uma época dourada da música, mas, em Castelo Branco, o que se ouve são ecos de um passado de promessas não cumpridas, de projetos que nunca saem do papel, e de uma gestão pública que se retoma à celebração da mediocridade. A cidade, em vez de ser palco de debates sobre como melhorar a qualidade de vida dos cidadãos ou como gerar empregos sustentáveis, torna-se palco para concertos efémeros, onde os bilhetes se tornam a verdadeira vergonha do nepotismo desta câmara.
Não seria de esperar que, em breve, o município de Castelo Branco anunciasse mais eventos “esgotados” como se isso fosse o maior feito da administração local. “Esgotado” é o estado de espírito do povo, que vê na cultura uma forma de fuga, e não uma solução para os problemas reais. Enquanto isso, o presidente continua a sua jornada, sorrindo para as câmaras e distribuindo o seu poder como se fosse o anfitrião de uma festa privada, onde os cidadãos são postos de parte.
Agora, por mais que a música do ABBA faça as pessoas esquecerem por alguns momentos a realidade, a verdade é que a cidade continua à deriva. E, enquanto a câmara faz propaganda de que “tudo vai bem” com a exaltação de cada evento “esgotado”, a população vê-se cada vez mais distante aquilo que deveria ser o centro da política: o seu bem-estar. A ironia, nesse caso, é que, mesmo em um concerto sobre o melhor de ABBA, o que se canta em Castelo Branco não é uma melodia de esperança, mas uma triste balada de promessas que nunca são realizadas por Leopoldo Rodrigues.
Em Castelo Branco, a festa não é para todos. Só para os que têm o bilhete certo. E enquanto isso, a cidade vai cair nas mãos de quem pensa que a política é apenas mais um espetáculo.