Mais de três anos passados, volto a ter voz num órgão de comunicação social. Não deixa de ser paradoxal que este regresso aconteça num órgão sediado fora do concelho de Abrantes, mas, mais importante que a análise das causas, é o foco no regresso com o agradecimento a O Regiões pela oportunidade.
Começo a minha colaboração fazendo a ponte com os leitores de O Regiões, entre uma realidade passada (e teimosamente atual) e um futuro que se deseja para o concelho de Abrantes, recuperando um texto que, infelizmente, salvo raros pormenores cosméticos, não perdeu atualidade.
É óbvio que há responsabilidades que não podem ser branqueadas, mas mais importante do que apontar o dedo aos erros do passado, é colocarmos o foco nos acertos do futuro. Estarei sempre disponível para ser parte da solução. Liderando ou ajudando quem tem a responsabilidade de liderar.
Também sei que um problema fica meio resolvido quando é bem equacionado. Este texto não deve ser interpretado como uma crítica, mas antes como um diagnóstico que nos ajudará a encontrar as soluções para os problemas. É este o meu contributo para uma reflexão coletiva, sem dogmas nem demagogias, onde todos fazemos parte da solução.
Apesar de quererem que nos resignemos à nossa realidade, Abrantes tem potencial para muito mais. Não temos praia marítima, mas a nossa centralidade coloca-nos a menos de uma hora do litoral, a pouco mais de uma hora de Lisboa, a menos de três horas do Porto e a cerca de 4 horas de Madrid. A N2, a N3 a N118 e a A23 são acessibilidades que nos permitem afirmar que “todos os caminhos vão dar a Abrantes”.
A ferrovia também ajuda com várias estações distribuídas pelo concelho e somos envolvidos pelos rios Tejo, a meio, e Zêzere a norte. Em complemento, a nossa gastronomia, a nossa doçaria e a qualidade dos nossos vinhos e dos nossos azeites, bem aproveitados por um aumento da quantidade e da qualidade da restauração, dão a Abrantes uma vantagem competitiva que tarda em ser aproveitada.
É por causa disto que não me posso conformar com os indicadores que mostram a nossa realidade:
- Somos o concelho do Médio Tejo com maior número de desempregados em valor absoluto e em peso relativo na região;
- Somos o concelho da região com maior quebra demográfica, bem como aquele que perde mais população quando comparado com os 114 concelhos com dimensão idêntica a nível nacional;
- Somos o concelho do Médio Tejo que paga a fatura-ambiente mais cara;
- Os indicadores na educação revelam números piores do que a média da região, tanto no insucesso como no abandono escolar;
- Não temos, há vários anos, uma sala de espetáculos moderna nem funcional;
- Não temos uma cultura de preservação do nosso património, sendo o edifício do mercado diário em Abrantes, o Ecomuseu em Martinchel e a antiga Escola Primária das Mouriscas, três tristes exemplos desta realidade;
- Temos uma população cada vez mais idosa, a qual passou, em 6 anos, de 22 para 29% da população residente com mais de 65 anos;
- Temos os centros históricos da cidade e das freguesias urbanas repletos de casas devolutas e em ruínas.
Repito que este texto não deve ser lido como uma critica. Limita-se a ser o espelho da nossa realidade. E está, infelizmente, muito longe de identificar todos os nossos problemas.
Relembro, Abrantes tem tudo para ser muito mais do que aquilo que é e tem sido. Com visão, audácia, arrojo e estratégia podemos afirmar: Sim, é possível! Abrantes tem Alternativa.