Os alarmes soaram em Portugal perante o alerta da Associação Apícola de Entre Minho e Lima (APIMIL) para a possível chegada da vespa soror, uma espécie invasora oriunda da Ásia, considerada mais perigosa do que a já problemática vespa asiática. Este inseto foi recentemente identificado nas Astúrias, região do norte de Espanha, o que desperta preocupações crescentes no território nacional.
Segundo Alberto Dias, presidente da APIMIL, ainda não há registos da presença desta espécie em Portugal. Contudo, a proximidade do Alto Minho com a Galiza, onde também não foi detetada até agora, levanta receios de uma invasão semelhante à ocorrida com a vespa asiática em 2011. O apelo da associação é claro: urge tomar medidas preventivas para evitar uma nova praga.
Descoberta na Europa e Riscos Associados
Um estudo conduzido por investigadores da Universidade de Oviedo revelou a presença de quatro exemplares da vespa soror nas Astúrias, detetados entre março de 2022 e outubro de 2023. A chegada da espécie terá ocorrido através de transporte de mercadorias, em contentores oriundos de regiões mais quentes da Ásia, onde esta vespa é nativa.
A investigação, publicada na revista Ecologia e Evolução, destaca que esta vespa é um predador agressivo e possui um veneno potente, capaz de gerar dores intensas e efeitos prolongados nas vítimas das suas picadas. Além disso, é uma ameaça significativa para o equilíbrio do ecossistema, atacando diversos insetos, pequenos vertebrados e até outras vespas.
Medidas em Curso e Reações em Portugal
Em resposta ao estudo, o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) garantiu que, até ao momento, não existem registos da presença desta espécie no território português. Contudo, foram intensificadas as ações de vigilância previstas no Plano de Ação para a Vigilância e Controlo da Vespa Velutina. Este plano permite igualmente monitorizar outras espécies de vespas de grandes dimensões, como a vespa soror e a vespa orientalis, que já apresenta sinais de expansão no sul de Espanha.
O ICNF alertou ainda as autarquias para estarem preparadas para eventuais avistamentos e apelou à população para reportar qualquer observação de vespas suspeitas através do email vespa@icnf.pt.
Características da Vespa Soror
Com uma coloração tricolor, que combina tons de preto, castanho-escuro, castanho-claro e amarelo, a vespa soror destaca-se pela sua cabeça de dimensões excecionais e pelo tamanho: as obreiras podem atingir 35 milímetros e as rainhas chegam a 46 milímetros. Os ninhos desta espécie costumam localizar-se no subsolo, frequentemente em encostas bem drenadas, muitas vezes entre raízes de árvores de grande porte.
O impacto potencial da vespa soror vai além da saúde pública, podendo agravar os danos já causados pela vespa asiática, devido à sua elevada capacidade de predação e adaptação a novos ambientes.
Contexto Histórico
A vespa asiática chegou à Europa através do porto de Bordéus, em França, em 2004, e invadiu Portugal a partir do Alto Minho, em 2011. Com o avanço da vespa soror na Península Ibérica, as autoridades procuram evitar um cenário de impacto cumulativo que comprometa ainda mais a biodiversidade e a segurança da população.
As atenções estão redobradas para evitar que esta nova ameaça cruze as fronteiras e cause danos irreversíveis no território português.