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Auschwitz foi há 80 anos, mas pode voltar a acontecer

Os líderes mundiais e sobreviventes reuniram-se na Polônia nesta segunda-feira, 27 de janeiro, para o 80°aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, onde mais de 1 milhão de judeus e outras minorias foram mortos durante a II Guerra Mundial. As cerimónias assumem este ano uma importância acrescida porque a negação do Holocausto e o antissemitismo estão a aumentar a nível mundial, com o crescimento de uma extrema-direita xenofila e racista.

Auschwitz foi há 80 anos, mas pode voltar a acontecer
Foto: Wojtek Radwanski/AFP –
Sobreviventes se reúnem no Memorial e Museu de Auschwitz-Birkenau, na Polônia. 27/01/2025

Há precisamente 80 anos era libertado o campo de morte da Alemanha nazi que foi Auschwitz. O Parlamento Europeu assinalou esta segunda-feira a data, com um minuto de silêncio. Para nunca ninguém esquecer o horror. A 27 de janeiro de 1945 tropas soviéticas libertaram o campo de Auschwitz, local onde durante cinco anos o nazismo transformou o pior dos cenários em realidade.

Mas como alerta o filósofo português José Gil: o “impensável” pode acontecer de novo, “porque está sempre a ser reativado”, e o mais “terrível” é que não se encontra o “antídoto”.

O filósofo José Gil, em declarações no Fórum TSF desta segunda-feira, o dia em que se assinalam os 80 anos da libertação do campo de extermínio da Alemanha nazi de Auschwitz, na Polónia, na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), recorda que, atualmente e “a nível planetário”, a sociedade, sobretudo a dos Estados Unidos, está “ameaçada” pela xenofobia, pelo racismo e pelo antissemitismo — os mesmos sentimentos que “encorajaram” o Holocausto.

“Já não haverá, talvez, campos de morte, há campos para os imigrantes. Mas a própria sociedade está, como dizia Primo Levi, desenhada para acolher e para favorecer isso mesmo”, complementa José Gil.

Por sua vez, a historiadora Irene Flunser Pimentel “nunca” pensou assistir ao “recrudescimento do antissemitismo”, tanto do lado da extrema-direita (como aconteceu no passado) e, agora, “até à esquerda”. Deve-se “combater qualquer tipo de exclusão do outro e qualquer discurso de ódio”, sublinha, acrescentando que Portugal não está imune a estas situações.

“Nós temos uma possibilidade de vir a ter eventos tão horríveis ou até piores do que o Holocausto.”

Flunser Pimentel alerta igualmente para o perigo que existe nas comparações com o Holocausto: “A palavra genocídio, hoje em dia, é usada por tudo e mais alguma coisa, para efeitos de propaganda.”

Aliás, um “grande problema” da História é perceber se “estamos ou não a viver um período idêntico”. A especialista resume o seu ponto de vista em poucas palavras: “A História não se repete, agora que ela se assemelha muitas vezes, isso, não tenho dúvidas.”

“Em 1945, quando se começou a conhecer o que se tinha passado nos campos de extermínio, sobretudo situados na Polónia, todos os seres humanos tinham aquela frase na boca: ‘Nunca mais isto pode acontecer.’ Ora, nós sabemos que já aconteceu de novo.”

Holocausto não pode desaparecer

Os líderes europeus, preocupados com o crescimento de uma extrema-direita violenta e racista, salientam a necessidade que a “memória do Holocausto não desapareça.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, manifestou a sua solidariedade com as vítimas dos campos de concentração e de extermínio da Alemanha nazi. “Filhos, filhas, mães, pais, amigos, vizinhos, avós: mais de um milhão de indivíduos com esperanças e sonhos foram assassinados por alemães em campos de extermínio. Lamentamos as suas mortes. E expressamos as nossas mais profundas condolências”, escreveu Scholz na rede social X.

“Nunca os esqueceremos, nem hoje, nem amanhã”, disse o primeiro-ministro alemão, referindo-se às vítimas dos campos de concentração e de extermínio nazis durante a II Guerra Mundial.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, cujo país luta contra a invasão russa há três anos, apelou hoje ao mundo que “impeça que o mal vença”. “A memória do Holocausto está gradualmente a desaparecer. Não devemos permitir o seu esquecimento”, disse Zelensky, ele próprio de origem judaica.

“A missão de todos é fazer tudo o que for possível para impedir que o mal vença”, acrescentou, numa clara referência à Rússia.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, prometeu hoje que o seu país “não cederá perante o antissemitismo em todas as suas formas”.

“O universalismo da França é alimentado por estas lutas (…)”, escreveu no livro de visitas do Memorial da Shoah, na manhã de hoje, em Paris.

O Presidente da Polónia, Andrzej Duda, disse que “os polacos são os guardiões da memória” das vítimas dos nazis nos campos de Auschwitz-Birkenau, que foi libertado pelo exército soviético há 80 anos.

Estima-se que 1,1 milhões de pessoas morreram em Auschwitz, a maioria das quais judeus. No total, durante a Segunda Guerra Mundial, seis milhões de judeus foram mortos pelos nazis.

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