Donald Trump tomou posse nesta segunda-feira como o 47.º Presidente dos Estados Unidos, retornando à Casa Branca após um primeiro mandato entre 2017 e 2021. A cerimónia no Capitólio, em Washington, foi marcada pela presença de algumas das personalidades mais ricas e influentes do mundo, além de políticos de extrema-direita de vários países. Este cenário reflete não apenas a estratégia política de Trump, mas também suas alianças ideológicas e interesses económicos
Lideranças de Extrema-Direita na Primeira Fila
A presença de líderes de extrema-direita na cerimónia foi um dos destaques. Giorgia Meloni, primeira-ministra da Itália, Javier Milei, presidente da Argentina, Santiago Abascal, líder do Vox, da Espanha, e Éric Zemmour, representante da direita radical francesa, estavam entre os convidados. Representantes do partido alemão Alternativa para a Alemanha (AfD) e uma delegação dos Patriotas pela Europa, que incluiu André Ventura, também marcaram presença.
A ausência notada foi a de Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, que não pôde comparecer devido ao confisco de seu passaporte pela justiça brasileira. Essa lista de convidados, no entanto, demonstra o alinhamento de Trump com uma agenda nacionalista e anti-imigração compartilhada por muitos dos presentes.
Magnatas da Tecnologia e Bilionários em Destaque
Se a presença de políticos de extrema-direita era esperada, a de magnatas da tecnologia causou surpresa. Sundar Pichai, CEO do Google; Shou Zi Chew, CEO do TikTok; Jeff Bezos, fundador da Amazon; Mark Zuckerberg, CEO da Meta; Tim Cook, líder da Apple; e Sam Altman, CEO da OpenAI, estavam todos na linha de frente.
Elon Musk, o homem mais rico do mundo, foi além: não apenas compareceu, mas também conquistou um cargo no governo, como chefe da “eficiência governamental”. Muitos desses bilionários, antes associados ao Partido Democrata, mudaram de lado, contribuindo generosamente para a campanha de Trump e alinhando-se à sua visão de futuro. A expectativa é que esses laços tragam benefícios em forma de contratos estatais e regulações mais favoráveis aos seus negócios.
Um Discurso com Promessas e Polémicas
Em seu discurso de 30 minutos, Trump delineou as prioridades de seu novo mandato. Aqui estão seis pontos-chave:
Liberdade de Expressão
Trump prometeu “trazer de volta a liberdade de expressão”, referindo-se à censura governamental. Sua aliança com gigantes da tecnologia sugere um possível relaxamento das regulamentações sobre essas empresas, algo que preocupa autoridades europeias envolvidas em regulamentações digitais.
Energia e Meio Ambiente
Anunciando uma “emergência energética nacional”, Trump confirmou que os EUA vão se retirar novamente do Acordo de Paris. Sua postura pode aumentar a tensão com a União Europeia e enfraquecer o Pacto Ecológico Europeu.
Expansão Territorial
Em uma promessa controversa, Trump sugeriu planos para “expandir nosso território”, mencionando Marte e o Canal do Panamá. Essa declaração ecoa seu estilo polêmico, colocando em dúvida sua disposição para manter relações diplomáticas estáveis.
Silêncio sobre o Capitólio
Em um momento notável, Trump evitou comentar sobre os manifestantes condenados pelo ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Isso reforça especulações de que ele pretende perdoá-los ainda hoje.
Cruzada Anti-Woke
Trump anunciou planos para reverter as políticas de diversidade e inclusão de Joe Biden, declarando que seu governo reconhecerá apenas dois gêneros e interromperá programas que ele considera “manipulação social”.
Trump reafirmou o lema “Make America Great Again”, prometendo que o “declínio da América acabou”. Ele também destacou seu retorno como prova de que “nada é impossível na América”.
O Olhar da Rússia
Em Moscou, o presidente Vladimir Putin saudou o desejo de Trump de “restabelecer os contatos diretos” com a Rússia. Durante uma reunião do Conselho de Segurança, Putin elogiou as declarações de Trump sobre evitar uma Terceira Guerra Mundial e reforçar o diálogo bilateral. Essa nova fase nas relações entre EUA e Rússia promete reconfigurar o equilíbrio de poder global.
Ao atrair bilionários e líderes de extrema-direita, Donald Trump sinaliza que seu segundo mandato não será uma repetição do primeiro. O foco em alianças estratégicas, tanto no plano doméstico quanto internacional, demonstra um pragmatismo calculado. Resta saber como essas escolhas impactarão o futuro dos Estados Unidos e do mundo.