Quarta-feira,Abril 16, 2025
9.6 C
Castelo Branco

- Publicidade -

Doença mental: 330 mil portugueses viciados na Internet

Um estudo nacional da Universidade Lusíada, liderado por Joaquim Fialho, revela que 12 por cento dos jovens portugueses entre os 12 e os 30 anos (330.099 pessoas) apresentam comportamentos aditivos no uso da internet. Hiperconectividade, validação ‘online’ e impactos psicológicos são riscos em destaque

A investigação “Scroll. Logo existo! Os comportamentos aditivos no uso da internet e das redes sociais”, conclui que a dependência digital não está na tecnologia, mas na forma compulsiva de utilização. Segundo os autores, a cultura do scroll — gestos automáticos de deslizar ecrãs — transformou-se num “acto quase inconsciente”, com efeitos patológicos em um em cada oito jovens e jovens adultos. 

“A hiperconectividade não é um vício inerente aos dispositivos, mas um reflexo de necessidades emocionais mal geridas”, explica Joaquim Fialho, coautor do estudo. A escala de dependência de Young (1998), usada como referência, identificou padrões como perda de controlo de tempo ‘online’, ansiedade em desligar-se e isolamento social. 

Os dados, recolhidos através de 1700 inquéritos e entrevistas semiestruturadas, apontam para uma correlação entre uso excessivo de redes sociais e problemas como depressão moderada (19 por cento dos casos) e ansiedade social (27 por cento). Um participante de 22 anos, identificado como “propenso à dependência”, descreveu: “Sinto pânico se não checar notificações de hora a hora. É como se a minha vida sem internet não existisse.” 

As relações híbridas — mistura de interacções presenciais e digitais — também preocupam. “Os jovens estão a substituir as conversas presenciais por emojis”, alerta uma técnica do SICAD (Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências), que participou no ‘focus groups’. A necessidade de validação constante (likes, comentários) cria “identidades fragmentadas”, onde o ‘online’ domina a autoestima. 

Regiões como Lisboa e Porto mostraram maior propensão a dependências, mas o problema é transversal a zonas rurais e urbanas. “A omnipresença dos smartphones apagou fronteiras geográficas”, sublinha o relatório. 

Estratégias de Prevenção em Debate 

O SICAD propõe campanhas de sensibilização nas escolas e formação para pais e professores. “É urgente ensinar a desligar”, defende Carla Martins, psicóloga clínica. Medidas como intervalos digitais obrigatórios em ambientes educativos e limites de tempo em aplicativos estão a ser discutidas. Contudo, os autores evitam alarmismos: “Não se trata de demonizar a tecnologia, mas de promover uso consciente”, frisa Fialho. A solução, sugerem, passa por reeducar a relação com os ecrãs — por exemplo, incentivando actividades offline estruturadas. 

O estudo servirá de base a um plano nacional de prevenção. Enquanto isso, especialistas recomendam autoavaliações periódicas do uso digital e a criação de “zonas livres de ecrãs” em casa. Como resume uma participante do estudo: “A liberdade está em controlar a tecnologia, não ser controlado por ela.” 

Nota:

Metodologia: Do Quantitativo ao Qualitativo 

O estudo combinou análise estatística (inquéritos anónimos) com entrevistas profundas a 45 utilizadores e debates com especialistas. Os critérios incluíram: 

  1. Tempo diário em ecrãs (média de 6,2 horas entre os 12-18 anos);
  2. Preferência por actividades lúdicas (78 por cento usam redes sociais para entretenimento);
  3. Sintomas de abstinência (35 por cento relataram irritabilidade ao ficar sem internet).
- Publicidade -

Não perca esta e outras novidades! Subscreva a nossa newsletter e receba as notícias mais importantes da semana, nacionais e internacionais, diretamente no seu email. Fique sempre informado!

Partilhe nas redes sociais:

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques

- Publicidade -

Artigos do autor

Não está autorizado a replicar o conteúdo deste site.