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Esperança média de vida cresce na Beira e Alentejo

A esperança média de vida à nascença aumentou entre 2014 e 2024 em ambas as sub-regiões do interior: em Beira Baixa subiu cerca de 2,6 anos, e no Alto Alentejo regista-se também crescimento, associando-se a melhoria dos serviços de saúde, educação e hábitos de vida.

Dados do Instituto Nacional de Estatística e do Pordata confirmam que, na última década, a Beira Baixa registou um acréscimo de cerca de 2,57 anos na esperança média de vida à nascença — de 77,72 para 80,29 anos —, o maior aumento entre todas as sub-regiões portuguesas. No Alto Alentejo, embora os dados disponíveis não quantifiquem directamente o valor absoluto da esperança de vida à nascença em 2024, é possível verificar uma evolução positiva, sustentada no aumento da esperança de vida aos 65 anos, que subiu de 18,79 anos, em 2010–2014, para 19,33 anos no período mais recente.

Esta tendência positiva tem sido associada a uma conjugação de factores estruturais e socioculturais, incluindo a melhoria dos cuidados de saúde primários, a implementação de programas de prevenção e rastreio em zonas rurais e o reforço da literacia em saúde junto da população mais envelhecida.

A instalação de Unidades de Saúde Familiar, o alargamento da cobertura de médicos de família e a redução da mortalidade precoce foram determinantes. A nível educativo, o aumento da escolarização e o acesso a programas de formação contínua para adultos contribuíram para melhores decisões em matéria de saúde. Especialistas como Sandra Manso, investigadora da Universidade Autónoma de Lisboa, destacam ainda que o tipo de vida predominante nestas regiões, marcado por menor poluição, menor densidade habitacional e um ritmo mais pausado, favorece uma maior longevidade. Os seus estudos mostram que comunidades com forte coesão social e práticas tradicionais, como a agricultura familiar e o consumo local, tendem a viver mais tempo com qualidade.

A evolução demográfica e económica das duas regiões também ajuda a contextualizar esta mudança. A Beira Baixa, com uma das densidades populacionais mais baixas do país (17 habitantes por quilómetro quadrado), viu o seu Produto Interno Bruto per capita crescer cerca de trinta e cinco por cento entre 2009 e 2021. Já o Alto Alentejo, embora com ligeira quebra populacional — de 113 mil para cerca de 104 mil residentes — registou um aumento de rendimento per capita na ordem dos trinta e dois por cento no mesmo intervalo, o que indica uma melhoria da resiliência económica, crucial para o financiamento de serviços públicos de proximidade. Investigadores da Universidade de Coimbra reforçam ainda que a longevidade no interior está fortemente ligada a estilos de vida activos, alimentação mediterrânica e práticas culturais que promovem o envelhecimento activo e a autonomia funcional até idades avançadas.

Nos últimos dez anos, Beira Baixa e Alto Alentejo registaram melhorias significativas na esperança média de vida, reflexo da convergência entre avanços na saúde pública, educação, bem-estar socioeconómico e estilos de vida. Tendo em vista os desafios do envelhecimento demográfico e da dispersão populacional, será essencial prosseguir investimentos em infra-estruturas de saúde, educação e actividades comunitárias — com impacto directo na qualidade de vida e longevidade da população do interior.

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